Partido tenta preservar diretorias com previsão de investimento de R$ 210 bi da partilha de cargos com aliados
Postos são estratégicos para a negociação de grandes obras como as hidrelétricas de Belo Monte e Santo Antonio
Natuza Nery e Leila Coimbra
DE BRASÍLIA - O PT deve preservar seu domínio sobre posições-chave que ocupa nas empresas estatais do setor elétrico, mantendo esses cargos longe da disputa que os partidos aliados do governo travam por posições nessa área.
Executivos ligados ao PT ocupam as diretorias de operação e engenharia da Eletrobras e de suas subsidiárias desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e tudo indica que serão mantidos em seus cargos pela presidente Dilma Rousseff.
Esses diretores supervisionam o dia a dia da operação das usinas do sistema Eletrobras, negociam contratos com empreiteiras e outros fornecedores e controlam o andamento das principais obras em execução no setor.
Juntas, a Eletrobras e suas subsidiárias, Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Eletronuclear, planejam investir R$ 210 bilhões na próxima década para ampliar a oferta de energia no país.
Entre os projetos que esses diretores controlam estão as hidrelétricas de Belo Monte (PA), Santo Antônio (RO) e Jirau (RO), as usinas de Tele Pires (TO) e a usina nuclear Angra 3. Juntas, essas obras somam R$ 60 bilhões.
Dilma participou da escolha de todos esses diretores no governo Lula, quando foi ministra de Minas e Energia e depois chefe da Casa Civil.
Ela tende a mantê-los em suas posições agora, apesar das pressões dos partidos aliados por espaço no setor.
O principal aliado de Dilma é o diretor de engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal. Outro é o diretor de planejamento e engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci, irmão do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Na Chesf, o PT quer manter José Ailton de Lima na diretoria de engenharia e construção e Mozart Bandeira Arnaud na divisão de operação. Amigo da presidente, Ronaldo Custódio deve continuar acumulando na Eletrosul as diretorias de engenharia e operação.
FISSURAS
A disputa pelo comando do setor elétrico expôs fissuras na base aliada do governo e colocou em lados opostos o PT e o PMDB.
Representantes dos dois partidos discutiram publicamente suas diferenças na briga pela diretoria de Furnas. Funcionários ligados ao PT foram acusados por peemedebistas de produzir um dossiê para enfraquecer o grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), padrinho de indicações na companhia.
Diante do cabo de guerra, Dilma nomeou um técnico de sua confiança para a empresa. O engenheiro Flávio Decat, ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), substituiu Carlos Nadalutti Filho, afilhado político de Cunha. A mudança enfraqueceu o deputado, mas contemplou o senador.
No governo Lula, os dois peemedebistas sempre dominaram cargos importantes do setor elétrico. Porém, raramente conseguiram estender sua influência às divisões de engenharia e operação das empresas.
Das seis estatais, o PT só não comanda a diretoria de operação de Furnas, que hoje está com o PR, mas pode ser atingida pelas mudanças que Decat pretende fazer.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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