Cristian Klein e Vandson Lima
São Paulo - Preocupados em estancar a sangria de deputados que estão os abandonando em direção ao PSD, partidos prejudicados pela fundação da legenda se mobilizam e tentam criar um novo obstáculo para os que pretendem entrar na sigla construída pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Depois da ameaça de reivindicar os mandatos, o empenho pela aprovação do fim das coligações surge como a nova frente de reação para conter as perdas.
Líder do PPS, que já protocolou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o PSD no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Rubens Bueno lembra que o fim das coligações é uma "luta de muitos anos" do seu partido mas que, se aprovado, o impacto negativo sobre o PSD será merecido.
"Tomara que o bom senso venha a prevalecer e eles [que estão migrando para o PSD] enfrentem as possibilidades de derrota na eleição por este oportunismo", diz.
O fim das coligações significaria um golpe nas pretensões do PSD. O partido, por ser novo e não ter eleito qualquer representante para a Câmara dos Deputados no ano passado, contaria apenas com uma cota mínima de tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV, de 21 segundos.
Toda a expectativa de crescimento do PSD nas eleições municipais do ano que vem passa pela articulação de alianças com partidos maiores, com os quais possa formar candidaturas viáveis, com mais tempo de rádio e TV e, portanto, mais potencial de atrair financiadores de campanha.
A mobilização de partidos prejudicados pelo PSD pode dar mais um empurrão ao fim das coligações, criticadas por deturpar a vontade do eleitor nas urnas. No mês passado, a extinção foi aprovada na Comissão de Reforma Política do Senado. A proposta também é debatida na Câmara.
No fim do ano passado, uma interpretação do STF também pôs em xeque o futuro das alianças, ao estabelecer que as vagas de suplentes devem ser preenchidas por substitutos do mesmo partido do titular e não da coligação. A decisão causou um imbróglio na Câmara e nas assembleias estaduais e reforçou o argumento dos que defendem sua extinção.
Os partidos contrariados com a criação do PSD se juntam a eles. O objetivo da ameaça é criar mais um fator de insegurança. Trinta e sete políticos com mandato assinaram a ata de fundação do PSD. Mas outra leva ainda estuda a saída. A dúvida é quanto aos riscos de perder o cargo. Na semana passada, o senador Clésio Andrade (PR-MG) fez uma consulta ao TSE, já que a resolução do tribunal, de 2007, não é clara ao estabelecer até que momento um político pode entrar no novo partido, se até a assinatura da ata de fundação ou da obtenção do registro definitivo.
O PCdoB, aliado habitual do PT e sempre beneficiado pelo coeficiente eleitoral da coligação, já estuda lançar candidaturas majoritárias nas grandes capitais, caso vingue o fim das coligações. Em São Paulo, o partido anunciou a pré-candidatura do vereador Netinho de Paula à prefeitura da capital. Na Bahia, trabalha pela candidatura da deputada federal Alice Portugal à Prefeitura de Salvador.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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