Ministérios como Saúde e Integração Nacional saíram da cota da legenda
Com 20 senadores e 80 deputados, partido controla orçamento menor do que aliados médios como PP e PR
Silvio Navarro e Vera Magalhães
SÃO PAULO - Principal aliado do Palácio do Planalto no Congresso desde 2004, o PMDB perdeu força no ministério de Dilma Rousseff e já pressiona por mais espaço na reforma ministerial do próximo ano.
Com 20 cadeiras no Senado e 80 deputados, o comando do partido avalia que está mal representado em relação ao peso dos votos transferidos por suas bancadas.
Também reclama ter perdido os ministérios da Saúde, da Integração Nacional e das Comunicações e herdado o do Turismo, visto como pasta com problemas, e outro sem visibilidade eleitoral, o da Previdência.
Nas últimas reuniões do partido sobraram queixas pelo desgaste da queda de dois ministros envolvidos em suspeitas de acusações -Pedro Novais e Wagner Rossi.
O ex-ministro Nelson Jobim (Defesa) também deixou o cargo, mas não era considerado da cota da sigla.
O PMDB, do vice-presidente Michel Temer, chefia cinco pastas: Agricultura, Minas e Energia, Previdência, Turismo e a Secretaria de Assuntos Estratégicos.
"Que há uma desproporção no preenchimento das vagas, não há a dúvida. O PMDB nunca vai colocar isso como condicionante para apoiar o governo, mas continuará pleiteando", diz o deputado Eduardo Cunha (RJ).
Na ponta do lápis, o orçamento manejável controlado pela sigla fica abaixo das Cidades e dos Transportes, controlados por legendas médias -PP e PR. Essas pastas concentram a distribuição de recursos em redutos eleitorais.
O orçamento do Ministério das Cidades (PP) hoje é de R$ 22 bilhões, e o dos Transportes (PR), de R$ 21,5 bilhões. Juntos, PP e PR somam 82 deputados, ou seja, o tamanho da bancada peemedebista.
Há ainda insatisfação pelo não preenchimento de cargos federais nos Estados. Outra pasta cobiçada é a do Esporte, do PC do B, devido à Copa-2014. A sigla tem 15 deputados e dois senadores.
"A presidente teme se tornar refém do PMDB, um partido grande demais para se depender só dele. Não por acaso, o governo se aproximou dos partidos menores e vê com simpatia a criação do PSD", diz o cientista político Rubens Figueiredo.
Partido prioriza voltar a ter a maior bancada
Preocupado com a perda de espaço na aliança nacional, o PMDB já faz cálculos de como retomar a condição de maior bancada da Câmara em 2014.
O desencanto com o tratamento recebido no governo é tamanho que ganha fôlego uma tese segundo a qual o partido tem melhor desempenho quando não faz aliança na eleição para presidente.
Em 2002, quando indicou a então deputada Rita Camata (ES) como vice de José Serra, o PMDB elegeu a segunda bancada, com 75 membros, atrás do PT, que fez 91 deputados.
Em 2006, quando decidiu não integrar as coligações nem de Lula nem de Geraldo Alckmin e liberar as seções estaduais para apoiar quem quisessem, o PMDB reconquistou a hegemonia, com 89 deputados, contra 83 do PT.
Neste ano, com Michel Temer na chapa com Dilma Rousseff, novamente o partido foi suplantado na Câmara pelo PT, que elegeu 88 deputados contra 78 peemedebistas.
O tamanho da bancada na Câmara é importante porque é ele que define o cálculo da fatia de cada partido no Fundo Partidário, principal fonte de financiamento das legendas em anos não eleitorais.
Além disso, dessa proporção depende também a distribuição do tempo a que cada legenda tem direito na propaganda eleitoral de rádio e TV.
O tempo de TV é um dos principais ativos de um partido na negociação de alianças, porque é considerado crucial para definir as chances de vitória de candidatos a cargos no Executivo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário