Menos de uma hora após divulgar um boletim com projeções menores para o crescimento da economia e dos investimentos em 2012, o Ministério da Fazenda voltou atrás e pediu que os dados fossem "desconsiderados". O relatório previa a expansão da atividade em 3% e dos investimentos, em 8,8%
PIB do ano é revisto para baixo. Por engano
Fazenda divulga projeção menor para 2012, mas volta atrás e nega informações
Renata Veríssimo, Célia Froufe
BRASÍLIA - O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, colocou ontem o ministro Guido Mantega em situação desconfortável. Menos de uma hora depois de anunciar projeções menores para o crescimento da economia e dos investimentos em 2012, o ministério teve de voltar atrás e pediu para que os dados fossem "desconsiderados".
O boletim "Economia Brasileira em Perspectiva", do mês de agosto, coordenado por Holland, previa a expansão da atividade em 3% e dos investimentos, em 8,8%. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, houve um equívoco na inclusão da tabela com estes dados. Os números ainda passam por revisão e devem ser divulgados nos próximos dias.
Havia um acordo para que o boletim fosse divulgado sem as projeções. A publicação dos números pelas agências de notícias pegou os assessores da Pasta de surpresa, o que obrigou o ministério a divulgar uma nota pedindo aos jornalistas que desconsiderassem uma página inteira do boletim.
Nas estimativas publicadas nas edições anteriores do boletim, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estava em 4,5% e, para os investimentos, em 10,8%. A divulgação da tabela com os dados atualizados gerou estresse no ministério. Isso porque os técnicos aguardam o anúncio do IBGE, do resultado da economia no segundo trimestre deste ano, para refazer as projeções. Os dados só saem na sexta-feira. Nos bastidores, técnicos do ministério já afirmam que a expansão da atividade econômica não deve atingir nem 2%.
Tensão. Apesar de a Fazenda ter anulado as previsões, o número para o desempenho econômico está alinhado com o do Ministério do Planejamento e pouco acima dos 2,5% esperados pelo Banco Central. A divulgação equivocada gerou tensão porque todo o governo tem se esforçado para transmitir um discurso de otimismo em relação não só à economia, mas também com os investimentos, considerados chave neste momento de início de retomada da atividade.
A equipe econômica já enxerga "sinais claros" de recuperação no segundo semestre do ano, puxados pelos primeiros indicadores positivos da indústria e do comércio. "Ao contrário do que foi visto em vários países, a economia brasileira não registrou queda de crescimento no primeiro semestre de 2012", afirmam os técnicos no boletim divulgado ontem.
O documento destaca que as medidas anticíclicas e a ênfase dada pelo governo aos investimentos já começaram a surtir efeito. "A economia brasileira reage para alcançar um crescimento mais vigoroso a partir do segundo semestre de 2012", comentaram os técnicos. A expectativa da equipe econômica é a de que o PIB estará a um ritmo anualizado de 4% ao final do ano.
Prevê ainda que, também na segunda metade deste ano, o mercado de crédito será mais benigno e contribuirá para a aceleração da atividade econômica. O documento diz que "a manutenção das baixas taxas de desemprego e o aumento do rendimento real das famílias permitem inferir que está em curso uma normalização nas captações e empréstimos".
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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