Preocupada em garantir palanques para sua campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff fez ontem uma minirreforma ministerial e reabilitou o grupo do pedetista Carlos Lupi, sétimo ministro a cair em 2011, na chamada "faxina ética". Próximo a Lupi, Manoel Dias foi escolhido ministro do Trabalho, no lugar de Brizola Neto. Dilma deve indicar para os Transportes alguém que agrade ao PR, outro alvo da faxina de 2011. A pasta da Agricultura será comandada pelo deputado Antônio Andrade (PMDB), que em 2012 garantiu o apoio de seu partido ao PT em Minas. Ele substitui o colega Mendes Ribeiro. Moreira Franco, também do PMDB, será o novo secretário de Aviação Civil. As posses ocorrerão hoje
Olha quem voltou
Grupo do PDT afastado por irregularidades retoma Trabalho; PMDB ganha Aviação Civil
Luiza Damé, Maria Lima
Parceria fortalecida. Dilma entrou ao PMDB do vice Michel Temer o comando da Secretaria de Aviação Civil
BRASÍLIA - Já preparando o palanque para a reeleição em 2014, a presidente Dilma Rousseff fez ontem uma minirreforma ministerial, amarrando o apoio de PDT e PMDB, e, num gesto ousado e polêmico, reabilitou o ex-ministro Carlos Lupi, o sétimo ministro a cair, sob denúncias de corrupção, na chamada faxina ética do primeiro ano de seu governo. Lupi derrubou Brizola Neto e emplacou o amigo e fiel aliado Manoel Dias (SC) no Ministério do Trabalho. O PMDB do vice-presidente Michel Temer melhorou seu espaço na Esplanada dos Ministérios com uma pasta mais robusta para o ex-governador Moreira Franco (RJ), que trocou a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) pela Secretaria de Aviação Civil (SAC).
Ainda na cota do PMDB, Dilma fez um rearranjo político-eleitoral: o peemedebista gaúcho Mendes Ribeiro (RS), com problemas de saúde, deixou o posto de ministro da Agricultura e abriu vaga para o deputado Antônio Andrade, presidente do PMDB de Minas. Ele foi o principal responsável, ano passado, pelo apoio do partido ao candidato do PT à prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias. O mineiro Leonardo Quintão, disputou a vaga com Andrade.
A SAE, até ontem comandada por Moreira Franco, ficará interinamente com o secretário-executivo Roger Stiefelmann Leal. A posse dos novos ministros está marcada para a manhã de hoje, no Palácio do Planalto, pois a presidente embarca domingo à noite para Roma, onde participará da entronização do Papa Francisco.
Dilma procura nome que agrade ao PR
A reforma ainda não está concluída. Dilma não conseguiu acertar a equação em relação ao PR, que também foi alvo da faxina de 2011 com a demissão do então ministro dos Transportes, o senador e presidente da legenda Alfredo Nascimento (AM). No lugar de Nascimento ficou o técnico de confiança de Dilma, Paulo Sérgio Passos, filiado ao PR, mas que não atende aos anseios do partido. Nascimento, a exemplo de Lupi, também foi chamada por Dilma no início do ano ao Planalto, para tratar da volta do partido ao governo. Ela também não fechou o acordo com o PSD de Gilberto Kassab.
Desde a semana passada, Dilma vem conversando com os partidos, especialmente com o PMDB de Temer e com Kassab. As conversas se afunilaram esta semana. Ontem, após lançar o Plano de Defesa do Consumidor, Dilma recebeu Mendes Ribeiro, Brizola Neto e Manoel Dias, além da cúpula do PMDB e Wagner Bittencourt - um nome do BNDES que era titular da Secretaria de Aviação Civil.
O novo ministro do Trabalho disse que não conversou com a presidente sobre as eleições de 2014, mas admitiu, em entrevista no Planalto, que a sua presença no governo aproxima o PDT do palanque petista:
- Eu creio que sim. Com a minha proximidade com os companheiros do partido de todo o Brasil, nós vamos tentar construir (apoio a Dilma). Na medida em que a gente consiga por em prática as políticas públicas que defendemos, vamos fortalecer esta posição.
Em outra entrevista na sede do PDT, Dias admitiu que Lupi foi o responsável por sua indicação:
- Lupi teve papel fundamental. Tenho com ele relação mais próxima possível, sabemos quanto custou manter o PDT após desaparecimento do Brizola.
Dias: "a tarefa é zelar pelo bem público"
Sobre a conversa com a presidente, Dias disse que ela pediu que o Ministério do Trabalho melhore o atendimento na ponta, nas delegacias do Trabalho.
- Conversamos sobre as metas e planos do Ministério do Trabalho e rememoramos a nossa militância (no PDT). A tarefa é zelar pelo bem público. Ela pediu que olhássemos para os órgãos de ponta. Lá no interior do país, nos municípios, estão as agências do Ministério do Trabalho, locais onde os trabalhadores vão buscar seus direitos, fazer suas carteiras de trabalho. Tem de ser um órgão moderno, informatizado e confortável - afirmou.
Sobre o fato de o PDT não ser unido na defesa do governo no Congresso, Dias sinalizou que, a partir de agora, será diferente:
- Somos partido ideológico, de esquerda e temos princípios. Tem pontos que o partido tem cuidado na defesa dos postulados, temos princípios que são inegociáveis, mas a nossa participação no governa implica o dever de sermos solidários, apoiar o governo e colaborar para que o governo tenha sucesso - disse, acrescentando que vai procurar Brizola Neto. - Vamos pacificar o partido, avançar o partido, porque a briga não é boa para ninguém.
Lupi deixou o Ministério do Trabalho em dezembro de 2011, alvo de denúncias de irregularidades em convênios da pasta, que beneficiariam o PDT. Brizola Neto assumiu em maio do ano passado e enfrentou forte oposição de setores do PDT comandados por Lupi.
Meta é diminuir custo da cesta básica
O novo ministro da Agricultura, Antonio Andrade, disse que, na conversa com Dilma, ela lhe pediu que a pasta trabalhe pelo aumento da produtividade no campo e ajude a diminuir o custo da cesta básica. Sobre as críticas da oposição à reforma, que diz ser eleitoreira, afirmou:
- A oposição tem todo direito de criticar. É o papel dela, mas, no caso de Minas, não houve esse peso político. Seria questão política se ela nomeasse quem não tem experiência no setor - disse ele, que é produtor rural.- Estou animado, será um grande desafio.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário