Lula diz querer falar "algumas coisas" depois do término de toda a análise do caso pelo Supremo
Gustavo Uribe, Mariana Timóteo da Costa e Silvia Amorim
O cumprimento imediato das penas por réus do mensalão, definido ontem pelo Supremo Tribunal Federal, é visto como marco para o combate à impunidade no país. Em unanimidade, integrantes de entidades da sociedade civil, cientistas políticos e representantes de partidos de oposição ao PT e ao govemo federal disseram que a decisão também colabora para o enfrentamento contra a corrupção.
Do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Luciano Santos considerou que a prisão dos réus é uma resposta à impunidade na classe política, atingida fortemente com o envolvimento de figuras expoentes como o ex-ministro José Dirceu:
— O Judiciário está dando uma resposta que a sociedade espera.
Na mesma linha, o jurista Fábio Konder Comparato, professor emérito da USP, acha que a prisão até pode fazer o Brasil "avançar um pouco na questão do combate à corrupção" Mas, segundo ele, a corrupção no Brasil é "endêmica e apartidária":
—Você vê este caso agora, com os fiscais da prefeitura de SP. Passou de gestão para gestão, de partido para partido. Por que ainda não se foi, por exemplo, atrás das empresas corruptoras, que pagaram propina, no caso dos fiscais? Todos precisam ser investigados, não apenas o PT.
Para o professor de Filosofia Política da Unicamp Roberto Romano, a prisão dos condenados é resposta importante da Suprema Corte contra a corrupção, mas ele considera que ainda há muito o que avançar no combate a irregularidades no poder púbfico:
— (A prisão) É uma resposta importante do Judiciário, mas não a superestimo. A situação do Estado brasileiro está muito aquém de atender as necessidades da população. Temos um poder do Estado como uma máquina que está operando, em grande parte, no vazio. Há a condenação desse grupo, mas há milhares de casos de corrupção que ocorrem no Brasil sem que haja um afastamento dos envolvidos.
Lula diz acatar a Corte
O ex-presidente Lula disse ontem que pretende "falar algumas coisas" sobre o mensalão, mas que se pronunciaria apenas ao final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
— Tenho dito para todo mundo: eu, quando terminar toda a votação sobre o mensalão, aí eu quero falar algumas coisas que penso a respeito disso — disse Lula, após encontro com militantes petistas num evento em Campo Grande.
Lula diz que prefere falar ao término do julgamento do mensalão por ser ex-presidente da República e ter indicado vários ministros da Corte na sua gestão.
Questionado sobre a possibilidade de prisão dos condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, Lula disse "não ter autoridade para fazer qualquer julgamento sobre qualquer decisão de uma Corte Suprema":
— Ou seja, na hora que ela tomar a decisão, está tomada a decisão. Eu obedecia como presidente, acatava, acato como cidadão brasileiro.
Fonte: O Globo
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