• As incertezas sobre a Copa
• As incertezas sobre alianças
• Mais pressões sobre a economia
Essas incertezas – a respeito do conteúdo e da escala das manifestações de rua, pacíficas e violentas, contra os gastos públicos para a Copa da Fifa, ou utilizando-as para exacerbar demandas salariais - constituirão uma variável significativa do cenário político à frente, antes e durante a realização do megaevento. Influenciando e somando-se a outras condicionantes das pré-campanhas eleitorais no período: novas pesquisas; a sequência da ofensiva publicitária da presidente/candidata (com o uso de fartos recursos de estatais) e a capacidade dos oposicionistas de neutralizá-la, ou não; a viabilidade ou não, ainda, de efetiva apuração parlamentar dos negócios suspeitos e vultosos prejuízos da Petrobras, por meio de uma CPI mista do Senado e da Câmara; a montagem das alianças nacionais e nos palanques dos estados, com a confirmação ou a reversão da tendência de isola-mento do PT nesses palanques.
Quanto às manifestações de rua, sua amplitude poderá ser bem restringida se prevalecerem as ações violentas dos black-blocks ou a eles atribuídas. Já quanto aos efeitos eleitorais, a candidata governista – ausente dos jogos para evitar vaias – tratará de capitalizar uma vitória final de nossa seleção, com duvidosos resultados favoráveis e, sem essa vitória, sofrerá o desgaste de forte reforço da cobrança de obras e serviços prometidos e não entregues, bem como da condenação dos vultosos gastos feitos para os estádios.
E quanto a outra das variáveis de incertezas inicialmente indicadas, a relativa à montagem de alianças nos estados, cabe assinalar as tensões emergentes entre as campanhas dos oposicionistas Aécio Neves e Eduardo Campos. A deste buscando nos estados do Centro/Sul afirmar-se como terceira via na disputa presidencial. Tensões assim resumidas em artigo do jornalista Merval Pereira, no Globo de domingo último: “Parece inevitável que o PSB marque um distanciamento crítico em relação ao PSDB para se tornar uma alternativa real à polarização entre petistas e tucanos. Na tentativa de preservar um acordo para o segundo turno, é possível que Lula poupe Campos de sua língua ferina. O senador Aécio Neves vai exercitando um dos dons mais característicos da política mineira, a paciência. Não partirá dele qualquer gesto de rompimento com Campos, mesmo porque está convencido de que quem vai para o segundo turno é ele, e precisará do apoio do PSB para derrotar Dilma”. Mais um trecho do artigo: “O que pode pe-sar a mão no PSB é a influência de uma esquerda próxima ao petismo, cujo representante mais importante é o vice-presidente Roberto Amaral, ex-ministro de Lula, que nunca viu com bons olhos a aproximação com os tucanos”.
Economia – Simultaneamente às incertezas do cenário político, a economia – sobretudo as contas públicas – seguirá exposta às pressões do vale tudo eleitoral no Palácio do Planalto. Com a manutenção do represamento dos preços de energia, de combustíveis e de tarifas de transporte público; a destinação de mais verbas para os programas assistencialistas; o lançamento de projetos de obras e serviços de todo tipo no Nordeste e na periferia das metrópoles do Centro/Sul; e o empenho – conforme diretivas do ex-presidente Lula – para re-composição de relações de Dilma com empresários de grande porte, inclusive tendo em vista o financiamento de campanha. Tudo isso num contexto de persistência da pressão inflacionária, de projeções do mercado de um PIB de 2014 entre 1,5% e 1% e de piora da balança comercial. Fatores que acentuam o pessimismo dos investidores, internos e externos, sobre o comportamento da economia este ano e o legado de descontrole fiscal e outros problemas graves que serão transferidos para o próximo governo.
Jarbas de Holanda é jornalista
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