• Apesar de não ter participado do lançamento da pré-candidatura do tucano Pimenta da Veiga em Minas, socialistas preferem dizer que a posição do partido ainda não foi fechada
Rosália Rangel – Diário de Pernambuco
A direção nacional do PSB ainda resiste em assumir publicamente o distanciamento político com o PSDB, mas a postura adotada pelo diretório de Minas Gerais deixa bem claro que a “parceria” com os tucanos nos estados está cada vez mais distante. Ontem, a direção estadual mineira não compareceu ao lançamento das pré-candidaturas de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo do estado, do seu vice, o deputado Dinis Pinheiro (PP), e do ex-governador Antônio Anastasia (PSDB) ao Senado.
A decisão joga para longe a possibilidade de um acordo em Pernambuco e ainda cria precedentes para que o mesmo ocorra em outros estados.
Presidente estadual do PSB de Minas, o deputado federal Júlio Delgado foi bastante firme em defender a tese da candidatura própria. Chegou a dizer que um ou outro integrante do partido pode ter aparecido ao evento do PSDB, que contou com a participação do presidenciável da legenda, Aécio Neves, mas garantiu que eles não representam qualquer apoio ao projeto do PSDB. “Até porque os nomes apresentados (pelos tucanos) não empolgaram a nossa militância”, sentenciou.
Júlio Delgado reconheceu, no entanto, que chegou a existir um compromisso de reciprocidade entre os dois partidos, mas que a pré-candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República e de Marina Silva (PSB/Rede) a vice, que é vista como uma terceira via na disputa presidencial, mudou o cenário. “Se novos ventos estão soprando para o Brasil, por que não pode soprar em Minas?”, questionou o parlamentar.
Júlio Delgado é um dos nomes cotados para a disputa. A outra opção seria Apólo Henriger (PSB/Rede). “Há uma grande tendência de termos candidatura própria (em Minas) e sempre houve pessoas que defendessem isso”, ressaltou o secretário-geral do PSB nacional, Carlos Siqueira, Ele negou, inclusive, qualquer acordo com os tucanos. “Eu nunca ouvi falar. Não sei de nada”, garantiu.
Na lista estados “parceiros” do PSB na campanha estadual, os tucanos pernambucanos ainda não têm uma definição sobre o apoio anunciado à pré-candidatura de Paulo Câmara (PSB) ao governo do estado.
“Vamos aguardar agora as orientações do PSDB nacional”, ponderou o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), nome que o partido pode lançar para o governo do estado caso seja quebrado o acordo com PSB. Na próxima segunda-feira, Aécio Neves estará no Recife para receber o título de cidadão da cidade, quando se espera que ele trate do assunto com os aliados.
Já Eduardo Campos inicia hoje uma maratona de visitas a três estados do Nordeste: Bahia, Paraíba e Rio Grande Norte. Desde domingo no Recife, ele concedeu ontem, por telefone, entrevista a uma rádio de Jundiaí, São Paulo. Provocado a dizer com quem a disputa no segundo turno seria mais difícil, Dilma Rousseff (PT) ou Aécio, disse: “A gente está preparado para passar ao segundo turno. Agora, sinceramente, não sei quem a gente vai enfrentar”.
As vantagens e desvantagens do rompimento PSB/PSDB em Pernambuco
PSB
Vantagens
-Eduardo manterá o discurso alinhado com a Rede Sustentabilidade, grupo político de sua vice Marina Silva, de evitar aliança com o PSDB e a “velha política”.
- Reduz a concorrência para os candidatos na chapa proporcional
- O PSB fica com duas secretarias (Cidades e Trabalho) e um órgão público (Detran) para negociar futuros apoios com partidos que ainda não definiram seus apoios, a exemplo do PP e PDT
Desvantagens
- Perderá 3m30s do tempo de TV
- Ganha mais um concorrente que poderá tirar votos da chapa majoritária
- Haverá um palanque no estado para o adversário tucano de Eduardo Campos, o senador Aécio Neves
PSDB
Vantagens
- Garantirá palanque para o presidenciável tucano Aécio Neves
- Fortalecerá o partido, que terá mais visibilidade no estado
- Evidenciará o deputado estadual Daniel Coelho, caso esse venha realmente a ser o candidato a governador. Se o parlamentar pernambucano não for eleito, sairá do pleito com mais visibilidade para uma possível disputa à Prefeitura do Recife em 2016
Desvantagens
- Enfraquece a disputa proporcional, reduzindo as chances de eleger deputados federais e estaduais. O mais ameaçado é o deputado federal Bruno Araújo, que disputará a reeleição
- Caso não seja eleito, o deputado Daniel Coelho perderá o mandado, ficará sem cargo eletivo
- O partido ficará ameaçado de deixar as secretarias de estado que ocupa hoje (Cidades, com Evandro Avelar, e Trabalho, com Murilo Guerra) e o Detran, dirigido por Caio Mário Mello.
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