• Presidente cancela participação no lançamento da candidatura de Padilha neste domingo e desagrada ao PT
• Partidos aliados no plano federal se afastam em São Paulo, maior colégio eleitoral do país
Márcio Falcão e Gabriela Terenzi - Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O PMDB confirmou neste sábado (14) Paulo Skaf, 58, como candidato ao governo de São Paulo. Patrocinada pelo vice-presidente Michel Temer, a campanha do empresário, descarta, porém, um segundo palanque para a presidente Dilma Rousseff, que apoia a candidatura de Alexandre Padilha (PT) ao governo paulista.
São Paulo, maior colégio eleitoral do país, é o principal objeto de desejo do PT na disputa pelos governos locais. O Estado é governado pelos tucanos há quase 20 anos e é onde a rejeição a Dilma é maior que em outras regiões do país.
Skaf, que é presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que não vê como oferecer espaço para Dilma, uma vez que terá Padilha como seu adversário.
"Eu não creio que haja esse palanque [com Dilma], porque o PT tem candidatura a governador. (...) Eu creio que [o que] vamos fazer aqui é lutar por total independência para ganharmos as eleições seja do PT ou do PSDB", afirmou.
O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha será confirmado candidato do PT a governador numa convenção neste domingo (15). Foram anunciadas as presenças de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal padrinho político de Padilha, mas Dilma cancelou sua participação na última hora.
A decisão surpreendeu e irritou o comando da campanha do ex-ministro, que avalia que a medida trará desgaste ao candidato logo na largada.
Um dos motes da campanha do petista é justamente reforçar a ligação com o governo Dilma, apresentando ambos como responsáveis por um novo ciclo de mudança.
O Palácio do Planalto informou que a mudança na agenda foi motivada por um encontro de Dilma com a chanceler alemã Angela Merkel, que terá um jantar com a presidente.
Em maio, num jantar fechado com a cúpula do PMDB, Dilma afirmou que contava com a candidatura de Skaf para impedir a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). "Temos duas candidaturas, uma que é a do ex-ministro Padilha, e o Skaf. Acredito que é esta a fórmula do segundo turno", disse Dilma à época.
Segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, Geraldo Alckmin (PSDB) seria reeleito no primeiro turno com 44% dos votos se a eleição fosse hoje. Skaf tem 21% das intenções de voto e Padilha, 3%.
Dilma não participou da convenção do PMDB, à qual compareceu o vice-presidente Michel Temer. "A presidente não esteve aqui hoje [sábado], amanhã [domingo] tem convenção do PT. Será que estará?, disse Skaf, antes de saber da mudança nos planos de Dilma.
Questionado se espera uma participação discreta do ex-presidente Lula na disputa, Skaf afirmou que não pretende provocar desconforto a ninguém e sabe que ele é padrinho político de Padilha.
Temer evitou polemizar, mas reconheceu que há um racha no Estado. Ele ainda afirmou que o PMDB e Skaf estão com ele e Dilma, mas que uma coisa é a campanha voltada para São Paulo e outra é a nacional. Temer não citou Dilma em seu discurso e preferiu destacar a unidade em torno de Skaf no partido.
Na convenção do PMDB, Skaf fez ataques aos tucanos e tentou se deslocar da imagem de Padilha. O empresário aproveitou para provocar o PT. "Mudou a polarização que existe há 20 anos em São Paulo. Agora, PMDB e PSDB estão polarizados." Também lançou sua primeira promessa, a ampliação do metrô. "Não queremos 1,5 km, queremos 70 km em quatro anos."
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