Passada a Copa da Fifa, a presidente/candidata Dilma Rousseff empenha-se em distinguir-se do fiasco da meta do hexa (cujo forte apelo social tratou de capitalizar o mais que pôde, beneficiando-se com a melhoria passageira do humor popular), trocando-a pelo enaltecimento da organização dos Jogos (qualidade das arenas, transporte aéreo) e da hospitalidade aos estrangeiros, em sucessivas declarações e em apressada reunião ministerial promovida na segunda-feira. Nem uma linha sobre o péssimo desempenho da seleção brasileira (ou o “padrão Felipão” tão festejado antes por ela), depois do humilhante 7 a 1 sofrido do time alemão, desdobrado na derrota por 3 a 0 diante do da Holanda. Nem o recurso à vitimização para explicar as novas e reiteradas vaias que recebeu na solenidade conclusiva do evento.
De par com essa troca, uma “virada” de “ações” do governo para as questões da economia. Primeiro, com o lançamento (montado logo dois dias após o fiasco da seleção) de mais um pacote de medidas de estímulo a algumas atividades produtivas, com dois objetivos: conter a queda do nível de emprego puxada pelo desaquecimento da indústria e reduzir a pressão inflacionária, que rompeu o limite máximo de tolerância de 6,5% (a oficial, pois a verdadeira já está entre 7% e 8%). E a tal pacote – avaliado pelos analistas, basicamente, como um repeteco de frustradas tentativas anteriores de reanimação da economia – seguiram-se encontros de Dilma com os chefes de governo de outros países integrantes dos Brics, em Brasília e numa reunião em Fortaleza. Nos quais a presidente, por meio de relações especiais com o da Rússia, Putin, e o da China, Xi Jiping, renovou sua aposta num aprofundamento de articulações com esses dois “parceiros estratégicos” como alternativa à integração, essencial, com as economias de mercado dos EUA e da União Européia, objetivo atropelado nos governos Lula e Dilma pelo terceiro-mundismo da política externa.
A rápida “virada” do discurso ou do marketing do Palácio do Planalto é ditada, sobretudo, pela tensão ante os resultados das pesquisas eleitorais desencadeadas nesta semana. Que devem indicar o começo do redirecionamento do foco das preocupações da sociedade para os problemas da economia (bem como para os das gestões do governo federal e dos demais). Problemas que se agravam mês a mês. Traduzindo-se na combinação de crescimento pífio, inflação elevada, juros altos e maior deterioração das contas públicas. Com efeitos político-eleitorais inevitáveis.
Skaf e o desgaste do PT
Baseado em pesquisas da própria campanha que constatam for-te desgaste do petismo no estado, inclusive na região metropoli-tana, o candidato do PMDB a governador, Paulo Skaf, busca afirmar-se como contraponto ao tucano Geraldo Alckmin centrando-se na disputa, com ele, do eleitorado de centro e de direita. O Painel da Folha de S. Paulo, de anteontem, resumiu assim essa opção do presidente licenciado da Fiesp: “Paulo Skaf (PMDB), o segundo colocado nas pesquisas, apostará num discurso de lei e ordem na disputa do governo paulista.
O empresário promete linha dura ao lidar com manifestações e greves. Diz que já teria proibido máscaras em protestos e que teria demitido os grevistas do Metrô „uma hora‟ após as depredações”. Tal discurso se acentuará, ou se atenuará, na dependência das grandes pesquisas que estão sendo feitas (em especial as do Datafolha e do Ibope), que incluem a corrida para governador e senador de alguns estados, entre os quais São Paulo.
Elas poderão confirmar, ou reduzir, o referido desgaste e a larga vantagem inicial de Alckmin, bem como o grau de alta rejeição à candidatura de Dilma Rousseff, entre os paulistas, identificada em pesquisa anterior do Datafolha. No primeiro cenário (obviamente alterável em levantamentos posteriores), será reforçada a tática adotada por Skaf de distanciamento, também, da presidente/candidata nesta fase da campanha eleitoral.
Jarbas de Holanda é jornalista
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