Raquel Ulhôa - Valor Econômico
BRASÍLIA - Vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer disse ontem que o partido terá candidatura própria à Presidência em 2018. "Estamos abertos a todas as alianças, com todos os partidos, apenas o que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser cabeça de chapa em 2018", disse. Em evento na Fundação Ulysses Guimarães, órgão de estudos e formação política do partido, que reuniu suas principais lideranças nacionais, os discursos estavam afinados na afirmação da candidatura própria a presidente.
Sobre as ações deflagradas pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, cumprindo mandados de busca e apreensão em casas e escritórios de políticos, como o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), na terça-feira, Temer disse que os acontecimentos estão "abalando" a tranquilidade do país e defendeu a busca de "uma grande pacificação institucional".
"É um assunto extremamente delicado. Temos que aguardar os acontecimentos. Evidentemente, temos que buscar no país uma certa tranquilidade institucional, porque essas coisas todas estão abalando um pouco a natural tranquilidade que sempre permeou a atividade do povo brasileiro. Temos que ter tranquilidade. Temos que buscar isso. Não temos que nos impressionar com esses atos e levar adiante a ideia de uma grande pacificação nacional", disse o vice-presidente.
Segundo ele, há um clima de "certa discordância", que não é útil para o país. "Nós precisamos buscar a concórdia de todos os brasileiros. Como aqui, vários partidos revelando interesse por uma concórdia nacional."
Além de Temer, o ex-presidente José Sarney, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), o senador Romero Jucá (RR), vice-presidente do partido, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), o líder da bancada pemedebista no Senado, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, participaram de ato de lançamento da nova plataforma digital do partido.
O evento foi considerado por Eduardo Cunha a largada do processo político do PMDB na busca de caminho próprio. "Estamos num momento político delicado e o PMDB faz parte de uma aliança com o PT, mas sabe que em 2018 quer buscar um caminho que não é com essa aliança. Time que não joga não tem torcida. (...) O PMDB é uma frente que nasceu de combate à ditadura. Muitos partidos que eram costela do PMDB estão hoje buscando seu caminho e o PMDB tem sido satélite de um projeto. O partido tem que buscar seu protagonismo. É o início da busca por seu caminho", disse Cunha.
Renan foi na mesma direção. "O PMDB tem uma aliança com o PT, uma aliança estratégica, circunstancial, porque ela deveria acontecer em torno de um programa, apenas de um programa. Mas o PMDB, desde logo, está deixando claro, absolutamente claro, que vai ter um projeto de poder, que vai ter um candidato competitivo à Presidência da República."
Eliseu Padilha, um dos pemedebistas mais próximos de Temer e diretamente envolvido na operação política do governo, afirmou que os dirigentes do partido estão agora alinhados na decisão de lançar candidato a presidente em 2018. Nem sempre foi assim. A cúpula sempre esteve dividida com relação a apresentar nome na disputa ao Palácio do Planalto ou se aliar a PT ou PSDB.
"Em que pese as nossas diferenças pessoais e regionais, estamos constituindo a necessária unidade para apresentar uma campanha exitosa à Presidência da República. É só o que falta. Em outros tempos, havia segmentos importantes do partido que entendiam que aliança para lá ou para cá eram o melhor caminho para o partido. Agora, é uníssono que a candidatura própria é melhor", disse ao Valor.
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