• Líderes classificaram declaração da presidente como ‘extremamente delirante’
- O Globo
BRASÍLIA – A oposição criticou nesta sexta-feira as declarações dadas pela presidente Dilma Rousseff em entrevista coletiva em Nova York, nos Estados Unidos. Depois de proferir discurso na ONU, em que não fez menção a um suposto golpe do qual seria vítima - tese que vem defendendo desde o início do processo de impeachment -, Dilma disse à imprensa internacional que o processo que ela enfrenta no Congresso Nacional tem todas as características de golpe. Ela também afirmou que não há base legal alguma para justificar o impedimento de seu mandato. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, chegou a elogiar o discurso discreto na ONU. Mas, ao saber da fala da presidente na coletiva, disse que a declaração é “extremamente delirante”.
- Na ONU, ela foi discreta. Concordo com ela no sentido de que a democracia brasileira resiste às intempéries. Essa cantilena do golpe é farsa. Que golpe é esse, realizado pelo Congresso Nacional e fiscalizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que duas vezes já decidiu que não há ilegalidade? Ela aponta como golpista o vice, mas ela viaja e quem assume é esse vice. É uma coisa extremamente delirante. Acho que o fracasso do governo lhe subiu à cabeça - afirmou o tucano, que recentemente foi aos Estados Unidos para conversar com autoridades americanas e tentar neutralizar eventuais declarações da presidente sobre o golpe.
Na entrevista, Dilma também declarou que pedirá ao Mercosul a retirada do Brasil do bloco, se ela sofrer o impeachment.
- É uma narrativa completamente desastrada para o país. Mesmo com depoimentos dos ministros do Supremo atestando a constitucionalidade, vem fazer uma proposta dessas na entrevista a jornalistas estrangeiros? Está passando informações mentirosas e sem fundamento. Ela deveria ter mais responsabilidade. Está achando pouco o que já fez de mal ao Brasil? Agora quer que o Brasil seja prejudicado no Mercosul? Que horror! - lamentou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-SP) também elogiou a falta da palavra “golpe” no discurso da ONU.
- Veja o ridículo internacional que ela estaria submetida. Como alguém que se diz vítima de um golpe transfere e recebe de volta, o cargo? Como alguém que se diz vítima de um golpe, apresenta defesa e legitima o processo? No epílogo do seu governo, a presidente Dilma teve um raro momento de bom senso - declarou.
Depois, quando soube do conteúdo da entrevista, o parlamentar retirou os elogios:
- Eu não disse que tinha sido um raro momento? Voltou ao normal.
Para o senador José Agripino Maia (DEM-RN), ela recuou do discurso do golpe na ONU depois que três ministros do STF – Celso de Mello, Dias Toffoli e Gilmar Mendes – disseram que o impeachment não é golpe. Para o parlamentar, ela “caiu em si” e desistiu da fala nos Estados Unidos. Depois, para compensar, resolveu dar a declaração à imprensa.
- A presidente está oscilando: ela viajou anunciando que denunciaria o golpe, deve ter sido surpreendida com osministros do STF e mudou o discurso. Essa declaração (à imprensa) é uma justificativa que ela encontrou para o recuo da intenção de denunciar o suposto golpe na discurso ONU. Foi a compensação que ela encontrou. Ela desistiu do discurso porque caiu em si, percebeu que iria denegrir a imagem do Brasil no exterior, ia comprometer a democracia brasileira, na medida em que ministros do STF estavam dizendo que não é golpe. Seria um claro demérito e desprezo à democracia brasileira. Em beneficio próprio, ela estaria brincando com a democracia brasileira - avaliou Agripino.
Um dos interlocutores do vice-presidente Michel Temer também lembrou que ministros do STF disseram que o impeachment não é golpe.
- Em se tratando de legalidade ou ilegalidade, entre os ministros Celso de Melo, Dias Toffoli e Gilmar Mendes de um lado, e a presidente Dilma do outro, eu tenho certeza que a verdade está com os ministros - comentou.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) considerou "lamentável" a declaração de Dilma de que pediria ao Mercosul a retirada do Brasil do bloco.
- Você só exige essa cláusula quando há quebra das regras democráticas. Ela tenta confundir os fatos. A Constituição brasileira é clara. O processo democrático foi todo seguido, ela cometeu crime, teve direito a defesa em todos os níveis. Mas agora, ter onde recorrer, ataca a democracia, ataca o povo brasileiro e suas instituições. Com a perda do poder, Dilma agora desce o nível e desrespeita o seu próprio povo. Lamentável. Por isso devemos o quanto antes concluir o seu afastamento - disse o senador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário