Em entrevista a jornais, o presidente interino, Michel Temer, defendeu a redução da taxa de juros ainda neste ano e disse ter conversado com o presidente do Banco Central, llan Goldjafn, sobre o assunto. Temer afirmou que a Lava-Jato deve prosseguir, mas ressaltou que o “país não pode ficar dez anos nessa situação”. Para ele, o deputado Eduardo Cunha não atrapalha o governo em nada.
Corte de juros ainda neste ano
• Temer aposta na economia, defende continuidade da Lava-Jato e diz que Cunha não atrapalha
Simone Iglesias - O Globo
BRASÍLIA - O presidente interino, Michel Temer, disse ontem que espera uma queda na taxa de juros ainda este ano para ajudar no processo de retomada da confiança na economia, mas ressaltou que sua equipe econômica trabalhará de forma “responsável” para diminuí-la , sem “populismo”. Em entrevista aos jornais O GLOBO, “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S.Paulo”, “Valor Econômico” e “Correio Braziliense”, Temer afirmou que já conversou sobre o assunto com o presidente do Banco Central, llan Goldjafn.
A economia tem sido a principal trincheira de Temer, em meio a revezes políticos que culminaram na perda de três ministros por envolvimento ou tentativa de obstrução da Lava-Jato. Temer afirmou que a operação deve ser mantida, “enquanto houver irregularidades”, mas ressaltou que o “país não pode ficar dez anos nessa situação”.
O presidente disse ainda que tem conversado com Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara, e frisou que o peemedebista não o “atrapalha em nada". Ele diz que não pretende se envolver na eleição para a presidência da Câmara, mas que um candidato único seria “útil a todos”.
Temer considerou errada a estratégia da presidente afastada Dilma Rousseff de tentar voltar ao cargo para convocar eleições, “um golpe”. Veja os principais trechos da entrevista:
LAVA-JATO
“Eu acho que ela deve prosseguir enquanto houver eventuais irregularidades. Mas, num dado momento, o país não pode ficar dez anos nessa situação. As instituições estão funcionando de uma tal maneira que há pessoas presas, pessoas processadas, pessoas investigadas. Então, acho que isso deveria dar muita confiança para dizer o seguinte: olha aqui, o Brasil está sendo passado a limpo”.
DELAÇÃO DE SÉRGIO MACHADO
“Eu não me recordo de tê-lo encontrado. E até mandei verificar lá na base área. Não há mais registro desse encontro. Eu tenho até um pouco de pejo, de vergonha de contar isso, mas ele conta que tem uma sala da Presidência, e que eu o puxei para uma salinha. Não existe essa salinha. Até na última vez que eu fui embarcar fui checar. Não tem salinha. Podem ir, façam uma inspeção lá. Mas se eu me encontrei com ele na base área, se eu me encontrei com ele no Jaburu, se eu falei com ele na VicePresidência, é irrelevante. Eu não pedi a ele (R$ 1,5 milhão para campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012. E até seria curioso que eu, tendo contato com tantos empresários, precisasse me servir de uma figura como ele”.
DILMA E GOLPE
“Se ela voltar, talvez pudesse anunciar que vai continuar, porque, voltar para sair é uma coisa curiosa, não é um argumento que a favorece. Interessante, fala-se tanto em golpe, mas as pessoas não sabem o que é golpe. Golpe é a ruptura com a Constituição Federal. Ora, fazer eleição agora é romper com a Constituição”.
JULGAMENTO NO TSE
“Serei obediente às decisões do Judiciário depois de percorrer todas as instâncias necessárias. Tenho que pensar nos meus direitos e já lancei a tese de separação de contas. Este seria o único caso em que a condenação de alguém importa na condenação de outrem. É como se você estivesse dirigindo um carro, atropelasse alguém, fosse condenado, e o sujeito que está no banco ao lado também sofresse os efeitos da condenação”.
EDUARDO CUNHA
“Falo com ele, esteve comigo há umas três semanas. (Fizemos) análise do quadro dramático que ele vive. Mas ele não me atrapalha em nada. Aqui no Brasil temos esse preconceito. Acham que não se pode falar com ninguém. Eu tenho 33 anos de vida pública, falo com todo mundo”.
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
“Eu não vou me intrometer nessa disputa. Seria impróprio. Essas composições internas não alteram eventual apoio ao governo. Se pudesse haver uma composição com candidato único, acho que seria útil para todos”.
PAULO BERNARDO
“Vi a senadora (Gleisi Hoffmann) lamentando que ele foi preso na frente dos filhos. Sob o foco humano, fiquei com muita pena do Paulo Bernardo, sempre tive ótima relação com ele. Agora, não conheço os fenômenos investigatórios e não sei o que levou a essa atuação”.
JUROS
“Os juros têm que ser reduzidos responsavelmente. Há essa ideia, tanto que eu já conversei com o ministro da Fazenda e com llan (Goldjafn, presidente do Banco Central). Não adianta reduzir de 14,5% para 7% só para fazer populismo. Você precisa diminuir responsavelmente. Eu espero que sim (caia esse ano)”.
PREVIDÊNCIA
“Uma pequena diferença entre o homem e a mulher é razoável, por uma razão: a mulher, além do trabalho externo, faz o trabalho interno na sua casa, é mãe, às vezes cuida dos irmãos. (Quanto à idade mínima) eu não tenho objeção”.
AUMENTO DE IMPOSTOS
“Até o presente momento o governo não falou em tributo. Economia é assim. Você têm que fazer readequações, mas fá-las-á no tempo certo”.
MERCOSUL
“Sair do Mercosul não há nenhuma cogitação. O que talvez seja necessário é uma reequação das regras, especialmente tarifárias. Uma das ideias é criar possibilidade maior para países fazerem ações individualizadas”.
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