Por Luísa Martins | Valor Econômico
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, utilizou um post feito pelo senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) no Facebook para demonstrar que o tucano continuou exercendo suas funções legislativas, apesar da suspensão decretada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. A imagem consta de uma manifestação assinada em 9 de junho e anexada nesta quarta-feira aos autos do inquérito que investiga o parlamentar.
No dia 30 de maio, Aécio publicou foto de um encontro, em sua casa, com os senadores Tasso Jereissati, Antonio Anastasia, Cássio Cunha Lima e José Serra, todos do PSDB. "Na pauta, votações no Congresso e a agenda política", escreveu.
"A despeito da suspensão do exercício das funções parlamentares, decretada judicialmente no âmbito dessa ação cautelar, Aécio Neves continuou exercendo suas funções, conforme reunião divulgada por ele mesmo em redes sociais no dia 30", diz Janot, que reitera o pedido de prisão feito contra o senador.
Aécio é acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça em uma denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) com base nas delações de executivos do grupo JBS. O senador afastado foi gravado pedindo R$ 2 milhões de propina a Joesley Batista, um dos sócios da empresa.
"Não convém menosprezar a periculosidade de parlamentares corruptos do quilate de Aécio Neves, tampouco dos seus comparsas de longa data, pela mera constatação de que, muito embora graves, os crimes apurados na Operação Lava-Jato e nos seus desdobramentos foram praticados sem violência ou grave ameaça", diz Janot na manifestação.
Para o procurador-geral, há, ainda "inconteste desvio de finalidade" do exercício do mandato de senador, visto que Aécio "vem utilizando as prerrogativas e os poderes ínsitos à nomeação com o desiderato de solicitar o pagamento de propina e embaraçar investigação que os alcança diretamente".
No documento, o procurador-geral pede ao novo relator do processo, ministro Marco Aurélio Mello, que leve com urgência ao plenário do Supremo os recursos dos investigados. A irmã de Aécio, Andrea Neves, o primo Frederico Pacheco e o ex-assessor Mendherson Lima estão presos e pedem liberdade. Já Aécio quer tentar retomar suas funções legislativas no Senado.
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