Cristiane Jungblut, O Globo
-BRASÍLIA- O Palácio do Planalto e líderes aliados trabalham agora para obter o maior placar possível contra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente Michel Temer na votação do próximo dia 2, na Câmara. Segundo interlocutores, o “tamanho da base” na votação é que decidirá como vai avançar a agenda econômica no Congresso, principalmente a reforma da Previdência.
A avaliação de aliados e também da oposição é que Temer tem hoje margem de apoio necessário para vencer a etapa da votação, porque seus opositores não têm os 342 votos para aprovar a denúncia e a consequente autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) leve adiante a ação penal contra Temer — o que resultaria no seu afastamento temporário da Presidência.
Segundo levantamentos internos, a base hoje já teria mais de 257 dos votos da Casa — maioria dos 513 deputados —, um patamar simbólico a ser atingido. O ideal, no entanto, é ter mais de 280 votos, como forma de sinalizar que o governo tem condições de aprovar reformas constitucionais, o caso da mudança na Previdência. Essas propostas exigem 308 votos, mas o governo espera contar nesses casos com apoio de deputados tucanos que são a favor da denúncia contra o presidente.
Durante encontro promovido em São Paulo na última segunda-feira, integrantes das cúpulas do PSDB e do DEM avaliaram a situação e também concordaram que o número de votos ditará o tamanho da base para aprovar ou não reformas.
O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), disse que o governo tem como rejeitar a denúncia e que a própria oposição admite que não há votos suficientes. Temer precisaria de apenas 172 para barrar a denúncia. O rito estipulado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajuda a forçar a oposição a registrar presença. Isso porque os debates sobre a denúncia começarão com apenas 52 deputados em plenário.
— Acredito que a pior resposta que o Congresso pode dar é a omissão, a inércia, é não votar e deixar o Brasil sangrando. Acredito que terá quorum, sim, no dia 2 e que haverá uma base sólida para derrubar a denúncia. O desafio será o da governabilidade a partir deste passo, a margem de maioria que haverá para o governo a partir do dia 2. A oposição também admite que não tem os votos, ou seja, deve comparecer. A pior resposta neste momento é a inércia e a omissão — disse Efraim Filho.
O líder admite, no entanto, que o governo tomou um “remédio amargo” ao aumentar impostos para conter a crise fiscal:
— É um remédio amargo e é claro que a sociedade não apoia um aumento de impostos, mas, numa situação de desequilíbrio fiscal na qual o Brasil se encontra, não sobrou outra alternativa. É preciso sim vir seguido de corte de gastos e pensar em equilibrar a situação fiscal, porque a solução para o Brasil não pode ser o aumento de impostos.
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