Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
A campanha do segundo turno emendou no fim do primeiro para seguir rota inteiramente diferente que costuma desnortear os mais diretamente envolvidos, que confunde torcida com tentativa de análise isenta. E que também comete os seus erros e deles se penitencia.
A que arrancou com o embalo dos resultados do primeiro turno, com a carga de surpresas, decepções e esperanças, dispara com a velocidade de raio, exigindo a máxima acuidade para acompanhar a corrida de pequena distância de três semanas, até a chegada ao repeteco das urnas do dia 26 para o voto único da polarização da escolha dos prefeitos das capitais e municípios que não arrumaram a casa no último domingo.
A polarização é impositiva: governo versus oposição, com a mistura das cores das camisas na escalação das equipes. Na arrancada, candidatos e lideranças apostam o cacife para fechar as alianças na cúpula. As óbvias, que são quase todas, não exigem mais que os salamaleques que dissimulem os ressentimentos pelos eventuais equívocos da fase preparatória.
Não há tempo a perder. A campanha chega ao valorizado programa de propaganda eleitoral – com toda a probabilidade de virar pelo avesso o vexame do primeiro turno, com os 10 minutos para cada um da dupla de finalistas e mais a avalanche de debates promovidos pelas redes de TV, pela mídia e pelas excitadas e demais entidades, ansiosas por pegar uma carona no reboque do bonde do voto.
Os candidatos não resistirão aos apelos para comparecer a todos os convites. Até o limite do possível. E sem deixar de reservar algumas horas para os contatos diretos com o eleitorado.
É difícil seguir a trilha da lógica, do bom senso quando a decisão das campanhas está muito mais pendurada no imponderável da crise financeira que enlouquece o mundo e chega ao nosso país nas ondas que arrebentam nas pedras da contradição.
Mas, até onde a disparada do dólar – que nem os leilões do Banco Central estão conseguindo conter ou reduzir – será sentida pela classe média, pelos emergentes e pelos pobres?
Se o cenário é um só para todas as capitais e municípios na fornalha da escolha do prefeito para os próximos quatro anos, cada um terá uma história para ser contada, com as suas muitas e prováveis surpresas. Pois, é impossível que o comportamento do eleitorado não se altere nestas três semanas de imprevisível desdobramento da crise mundial. E dos seus reflexos na rotina doméstica da população.
Os conchavos entre candidatos, líderes de partidos, governadores e ministros – com a participação direta e compreensível do presidente Lula e da ministra-candidata Dilma Rousseff – correm o risco de serem desfeitos pelas imprevisíveis reações do eleitorado. Se faltar pão, desanda a eleição.
O real está em queda livre, com a desvalorização recordista entre moedas emergentes. A celebrada popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apresenta sinais de abalo. Mas, até onde resistirá a uma frustração que contamine o voto e reverta a expectativa?
Lula está fazendo o que pode. Ordena que o Banco Central e a Caixa Econômica Federal socorram as pequenas instituições financeiras, sem recursos para a captação de dólares no exterior. Alinha um pacote para os ruralistas com o anunciado aumento de 3 a 5 pontos percentuais do compulsório para o crédito rural. E, na toada do otimismo, aconselha a população a manter os seus hábitos de consumo.
Não está tão fácil sustentar o discurso otimista do "se a crise chegar ao Brasil não será grave". E que mereceram do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no seu retorno à militância eleitoral, o comentário provocativo: "Não adianta enganar a população. As pessoas vão sentir a crise no bolso".
A campanha promete três semanas com a carga de emoção que ameaça as novelas.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
A campanha do segundo turno emendou no fim do primeiro para seguir rota inteiramente diferente que costuma desnortear os mais diretamente envolvidos, que confunde torcida com tentativa de análise isenta. E que também comete os seus erros e deles se penitencia.
A que arrancou com o embalo dos resultados do primeiro turno, com a carga de surpresas, decepções e esperanças, dispara com a velocidade de raio, exigindo a máxima acuidade para acompanhar a corrida de pequena distância de três semanas, até a chegada ao repeteco das urnas do dia 26 para o voto único da polarização da escolha dos prefeitos das capitais e municípios que não arrumaram a casa no último domingo.
A polarização é impositiva: governo versus oposição, com a mistura das cores das camisas na escalação das equipes. Na arrancada, candidatos e lideranças apostam o cacife para fechar as alianças na cúpula. As óbvias, que são quase todas, não exigem mais que os salamaleques que dissimulem os ressentimentos pelos eventuais equívocos da fase preparatória.
Não há tempo a perder. A campanha chega ao valorizado programa de propaganda eleitoral – com toda a probabilidade de virar pelo avesso o vexame do primeiro turno, com os 10 minutos para cada um da dupla de finalistas e mais a avalanche de debates promovidos pelas redes de TV, pela mídia e pelas excitadas e demais entidades, ansiosas por pegar uma carona no reboque do bonde do voto.
Os candidatos não resistirão aos apelos para comparecer a todos os convites. Até o limite do possível. E sem deixar de reservar algumas horas para os contatos diretos com o eleitorado.
É difícil seguir a trilha da lógica, do bom senso quando a decisão das campanhas está muito mais pendurada no imponderável da crise financeira que enlouquece o mundo e chega ao nosso país nas ondas que arrebentam nas pedras da contradição.
Mas, até onde a disparada do dólar – que nem os leilões do Banco Central estão conseguindo conter ou reduzir – será sentida pela classe média, pelos emergentes e pelos pobres?
Se o cenário é um só para todas as capitais e municípios na fornalha da escolha do prefeito para os próximos quatro anos, cada um terá uma história para ser contada, com as suas muitas e prováveis surpresas. Pois, é impossível que o comportamento do eleitorado não se altere nestas três semanas de imprevisível desdobramento da crise mundial. E dos seus reflexos na rotina doméstica da população.
Os conchavos entre candidatos, líderes de partidos, governadores e ministros – com a participação direta e compreensível do presidente Lula e da ministra-candidata Dilma Rousseff – correm o risco de serem desfeitos pelas imprevisíveis reações do eleitorado. Se faltar pão, desanda a eleição.
O real está em queda livre, com a desvalorização recordista entre moedas emergentes. A celebrada popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apresenta sinais de abalo. Mas, até onde resistirá a uma frustração que contamine o voto e reverta a expectativa?
Lula está fazendo o que pode. Ordena que o Banco Central e a Caixa Econômica Federal socorram as pequenas instituições financeiras, sem recursos para a captação de dólares no exterior. Alinha um pacote para os ruralistas com o anunciado aumento de 3 a 5 pontos percentuais do compulsório para o crédito rural. E, na toada do otimismo, aconselha a população a manter os seus hábitos de consumo.
Não está tão fácil sustentar o discurso otimista do "se a crise chegar ao Brasil não será grave". E que mereceram do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no seu retorno à militância eleitoral, o comentário provocativo: "Não adianta enganar a população. As pessoas vão sentir a crise no bolso".
A campanha promete três semanas com a carga de emoção que ameaça as novelas.
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