DE EM O ESTADO DE S. PAULO
Casa Branca valoriza iniciativa de fomentar diálogo entre os iranianos e países ocidentais sobre questão nuclear
Patrícia Campos Mello, Correspondente, Washington,
Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro, Brasília
Na véspera da visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a Casa Branca deixou claro ao governo Lula que valoriza a iniciativa brasileira de fomentar e intermediar o diálogo entre os iranianos e os países ocidentais sobre a questão nuclear. A posição dos Estados Unidos foi expressa pelo próprio presidente Barack Obama, em carta de três páginas enviada no domingo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No texto, os EUA admitem a insatisfação com a decisão do governo de receber o iraniano, mas reconhecem que o Brasil é um país soberano, com direito de orientar livremente a sua política externa. Diante da decisão, Obama pediu que Brasília abordasse os seguintes temas com Ahmadinejad: defesa dos direitos humanos e cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A carta tratou também das negociações sobre mudanças climáticas, da crise em Honduras e da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na recepção, anteontem, no Itamaraty, o presidente tratou da questão nuclear, incentivando Ahmadinejad a manter as negociações com a AIEA, e dos direitos humanos.
Depois de lembrar que o Brasil pauta a sua política externa "pelo compromisso com a democracia e o respeito à diversidade", Lula acrescentou: "Defendemos os direitos humanos e a liberdade de escolha de nossos cidadãos com a mesma veemência com que repudiamos todo ato de intolerância ou de recurso ao terrorismo."
SEIS POTÊNCIAS
Na carta a Lula, Obama foi além da exposição do ponto de vista da sua administração sobre o acordo entre o Irã e seis potências nucleares - EUA, França, Inglaterra, Rússia, China e Alemanha -, que vem sendo mediado pela AIEA.
O americano reforçou seu desejo de que Lula transmitisse a Ahmadinejad que os EUA adotaram uma mudança real no tratamento da questão nuclear e defendem, para valer, o acordo sobre a troca de urânio enriquecido em baixo teor no Irã por combustível nuclear.
Ontem, o governo iraniano apresentou formalmente à AIEA uma nova versão da proposta de acordo, cujos termos originais haviam sido rejeitados por Teerã.
A primeira fórmula previa que o Irã embarcasse para a Rússia todo o seu estoque de urânio enriquecido em até 5%. Na Rússia, o teor seria elevado para 20% e a carga seria despachada para a França, onde seria convertida em combustível nuclear para o reator de Teerã, onde são produzidos radiofármacos.
Anunciada anteontem pelo próprio Ahmadinejad, em Brasília, a nova versão de Teerã prevê que o urânio seja depositado na Ilha Kirsch, no Irã, sob custódia internacional. O volume de 1.200 quilos disponível no país seria dividido em três partes, de 400 quilos cada. Toda vez que um volume equivalente de combustível chegasse ao Irã, seria remetida a carga de urânio enriquecido a 5%. Para o Itamaraty, a nova proposta revela o temor do Irã de embarcar o urânio e não receber o combustível nuclear.
Casa Branca valoriza iniciativa de fomentar diálogo entre os iranianos e países ocidentais sobre questão nuclear
Patrícia Campos Mello, Correspondente, Washington,
Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro, Brasília
Na véspera da visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a Casa Branca deixou claro ao governo Lula que valoriza a iniciativa brasileira de fomentar e intermediar o diálogo entre os iranianos e os países ocidentais sobre a questão nuclear. A posição dos Estados Unidos foi expressa pelo próprio presidente Barack Obama, em carta de três páginas enviada no domingo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No texto, os EUA admitem a insatisfação com a decisão do governo de receber o iraniano, mas reconhecem que o Brasil é um país soberano, com direito de orientar livremente a sua política externa. Diante da decisão, Obama pediu que Brasília abordasse os seguintes temas com Ahmadinejad: defesa dos direitos humanos e cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A carta tratou também das negociações sobre mudanças climáticas, da crise em Honduras e da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na recepção, anteontem, no Itamaraty, o presidente tratou da questão nuclear, incentivando Ahmadinejad a manter as negociações com a AIEA, e dos direitos humanos.
Depois de lembrar que o Brasil pauta a sua política externa "pelo compromisso com a democracia e o respeito à diversidade", Lula acrescentou: "Defendemos os direitos humanos e a liberdade de escolha de nossos cidadãos com a mesma veemência com que repudiamos todo ato de intolerância ou de recurso ao terrorismo."
SEIS POTÊNCIAS
Na carta a Lula, Obama foi além da exposição do ponto de vista da sua administração sobre o acordo entre o Irã e seis potências nucleares - EUA, França, Inglaterra, Rússia, China e Alemanha -, que vem sendo mediado pela AIEA.
O americano reforçou seu desejo de que Lula transmitisse a Ahmadinejad que os EUA adotaram uma mudança real no tratamento da questão nuclear e defendem, para valer, o acordo sobre a troca de urânio enriquecido em baixo teor no Irã por combustível nuclear.
Ontem, o governo iraniano apresentou formalmente à AIEA uma nova versão da proposta de acordo, cujos termos originais haviam sido rejeitados por Teerã.
A primeira fórmula previa que o Irã embarcasse para a Rússia todo o seu estoque de urânio enriquecido em até 5%. Na Rússia, o teor seria elevado para 20% e a carga seria despachada para a França, onde seria convertida em combustível nuclear para o reator de Teerã, onde são produzidos radiofármacos.
Anunciada anteontem pelo próprio Ahmadinejad, em Brasília, a nova versão de Teerã prevê que o urânio seja depositado na Ilha Kirsch, no Irã, sob custódia internacional. O volume de 1.200 quilos disponível no país seria dividido em três partes, de 400 quilos cada. Toda vez que um volume equivalente de combustível chegasse ao Irã, seria remetida a carga de urânio enriquecido a 5%. Para o Itamaraty, a nova proposta revela o temor do Irã de embarcar o urânio e não receber o combustível nuclear.
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