“Há o individualismo da tradição liberal-libertária e o individualismo da tradição democrática. O primeiro arranca o indivíduo do corpo orgânico da sociedade e o faz viver fora do regaço materno, lançando-o ao mundo desconhecido e cheio de perigos da luta pela sobrevivência, onde cada um deve cuidar de si mesmo, em uma luta perpétua, exemplificada pelo hobbesiano bellum omnium contra omnes. O segundo agrupa-o a outros indivíduos semelhantes a ele, que considera seus semelhantes, para que da sua união a sociedade venha recompor-se não mais como um todo orgânico do qual saiu, mas como uma associação de indivíduos livres. O primeiro reivindica a liberdade do indivíduo em relação à sociedade. O segundo reconcilia-o com a sociedade fazendo da sociedade o resultado de um livre acordo entre indivíduos inteligentes. O ´primeiro faz do indivíduo um protagonista absoluto, fora de qualquer vínculo social. O segundo faz dele o protagonista de uma nova sociedade que surge das cinzas da sociedade antiga, na qual as decisões são tomadas pelos próprios indivíduos ou por seus representantes”.
(Norberto Bobbio , em “Teoria Geral da Política – A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos”, pág. 381-2 – Editora Campus, Rio de Janeiro, 2000)
(Norberto Bobbio , em “Teoria Geral da Política – A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos”, pág. 381-2 – Editora Campus, Rio de Janeiro, 2000)
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