quarta-feira, 12 de maio de 2010

Serra afirma que não é contra autonomia do BC

DEU EM O GLOBO

Tucano defende entrosamento com o restante da equipe econômica, mas volta a criticar as altas taxas de juros

Adriana Vasconcelos
Enviada especial

GOIÂNIA. Um dia depois de declarar que o Banco Central não é a Santa Sé, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, amenizou ontem o discurso que levou preocupação ao comando da campanha tucana e gerou críticas de seus adversários. Com cuidado para não causar nova polêmica, Serra afirmou que não é contra a autonomia do Banco Central, mas que considera fundamental que seus dirigentes estejam entrosados com o restante da equipe econômica.

Entretanto, voltou a criticar as altas taxas de juros do país.

Não tem por que o Brasil continuar sendo o recordista mundial em taxa de juros reais.

Não acho que essa é uma fatalidade da natureza. Isso não significa atropelar nada ou virar a mesa. Mas quem é que quer ter o maior juro real do mundo? questionou o tucano.

Evitando opinar sobre a divergência que existe hoje entre o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na condução da política econômica do governo Lula, o tucano disse que num eventual governo seu haverá um entrosamento entre os integrantes de sua equipe.

Acho que o Banco Central tem de ter autonomia, liberdade para trabalhar, mas integrado com a política econômica do governo, com o Ministério da Fazenda, o Ministério do Planejamento e o próprio presidente da República, que escolhe seus diretores.Foi assim no governo Fernando Henrique, como no de Lula. O Banco Central tem de estar voltado, assim como todas as instituições econômicas, para a estabilidade de preços, para não ter inflação, e para o desenvolvimento.

Para isso é fundamental ter entrosamento.

O pré-candidato tucano minimizou ainda o tom ríspido do diálogo travado com a colunista Míriam Leitão durante a entrevista concedida anteontem à rádio CBN.

Foi apenas o calor de uma discussão com uma repórter que é muito preparada e tem convicções, e a quem eu respeito bastante disse ele.

Durante sua visita à capital de Goiás, que começou por volta do meio-dia e se estendeu até o início da noite, Serra voltou a esbanjar bom humor.

Ele admitiu que seu humor vai melhorando ao longo do dia.

Para aliados, episódio pode ser educativo Entre os aliados de Serra, porém, o clima ontem era de preocupação. Para eles, o pré-candidato teria escorregado num dos melhores momentos de sua campanha por excesso de confiança. Apesar disso, a expectativa é de que o episódio, ocorrido bem antes da eleição, possa ser educativo e reduza o salto alto que alguns integrantes da campanha tucana estavam usando desde que Serra conseguiu recuperar a vantagem que tinha nas pesquisas em relação à sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff.

Já um outro grupo considera que Serra, a partir de agora, terá de se esforçar para mostrar a uma parte do mercado financeiro que não pretende mexer na autonomia do Banco Central.

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