DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Serra foge do confronto com Lula e do debate econômico, mas sabe-se ainda menos o que Dilma pensa
As ideias econômicas de José Serra são muito mais conhecidas que as de Dilma Rousseff.
Ou melhor, era conhecido o estilo do pensamento econômico de Serra pelo menos até ali por volta de 2007, 2008. Foi então que o lado escuro da força das necessidades eleitorais fez o candidato tucano represar qualquer sugestão pública estridente de que pense algo sobre economia.
Mas as elites econômicas, políticas e intelectuais interessadas no assunto têm ao menos uma vaga ideia, ou até forte suspeita, do estilo de Serra na economia. De Dilma Rousseff conhecem-se apenas vaguidades dos tempos de oposicionismo, as estocadas na equipe de Antonio Palocci e, agora, o seu lulismo sem dó nem piedade pela própria autonomia intelectual e política. Ao menos na campanha.
Causou, porém, alguma sensação a resposta atravessada de Serra a uma pergunta obrigatória da jornalista Miriam Leitão sobre a autonomia do Banco Central, num programa da rádio CBN, anteontem.
O tucano apenas irritou-se com a pergunta, que quer repelir do seu script de candidato. Deu apenas a entender o que já sabia: que jamais foi simpático às políticas do BC nos últimos 46 anos (ou seja, sempre).
E daí? Nada. A sensação causada pela resposta torta de Serra foi apenas teatro sobre teatro, metateatro eleitoral. O povo comum não tem noção do que se trata. As elites interessadas já conhecem o jeitão de Serra. Curioso foi apenas o escorregão do tucano, politicamente sempre muito disciplinado.
Serra já disse que apoiaria uma decisão de Lula sobre os reajustes irresponsáveis que o Congresso deu a aposentados. Já disse que convidaria petistas para seu governo. Na condição de candidato oposicionista, finge-se de morto, pois quer evitar até a morte o conflito com Lula.
Em suma: a elite sabe quem é Serra, embora não saiba o que o tucano faria exatamente na política econômica. A resposta de Serra sobre a autonomia do BC não altera o que esse público de elite pensa sobre ele. Para o povo, Serra, assim como Dilma e Marina, continua o seu teatro. Logo, o debate eleitoral relevante continua no escuro, mais do que qualquer campanha desde 1989.
José Serra está envolvido no debate econômico brasileiro desde o final dos anos 1960. Daí aos 1970, como economista acadêmico, de esquerda, mas não muito. Nos anos 1980, esteve no debate tanto como secretário do Planejamento do governo de São Paulo, sob Franco Montoro (1983-86), como constituinte. E, depois, como parlamentar tucano, já bem perto do "centro".
Já distante da universidade e dos escritos acadêmicos, esteve no centro do debate da política econômica nos anos FHC e protofernandinos (1993-2002), destacando-se em especial como "ministro da oposição" aos economistas do governo tucano. Serra, pois, teria o que dizer nesta campanha. Ainda terá?
Serra faz até agora uma campanha que não está à altura da sua biografia, biografia que, no entanto, tenta apresentar como sua principal vantagem diante da candidata de Lula. Note-se, porém, que Dilma está indo muito mais longe na sua tentativa de maquiar seu personagem eleitoral e na obliteração de sua personalidade.
Serra foge do confronto com Lula e do debate econômico, mas sabe-se ainda menos o que Dilma pensa
As ideias econômicas de José Serra são muito mais conhecidas que as de Dilma Rousseff.
Ou melhor, era conhecido o estilo do pensamento econômico de Serra pelo menos até ali por volta de 2007, 2008. Foi então que o lado escuro da força das necessidades eleitorais fez o candidato tucano represar qualquer sugestão pública estridente de que pense algo sobre economia.
Mas as elites econômicas, políticas e intelectuais interessadas no assunto têm ao menos uma vaga ideia, ou até forte suspeita, do estilo de Serra na economia. De Dilma Rousseff conhecem-se apenas vaguidades dos tempos de oposicionismo, as estocadas na equipe de Antonio Palocci e, agora, o seu lulismo sem dó nem piedade pela própria autonomia intelectual e política. Ao menos na campanha.
Causou, porém, alguma sensação a resposta atravessada de Serra a uma pergunta obrigatória da jornalista Miriam Leitão sobre a autonomia do Banco Central, num programa da rádio CBN, anteontem.
O tucano apenas irritou-se com a pergunta, que quer repelir do seu script de candidato. Deu apenas a entender o que já sabia: que jamais foi simpático às políticas do BC nos últimos 46 anos (ou seja, sempre).
E daí? Nada. A sensação causada pela resposta torta de Serra foi apenas teatro sobre teatro, metateatro eleitoral. O povo comum não tem noção do que se trata. As elites interessadas já conhecem o jeitão de Serra. Curioso foi apenas o escorregão do tucano, politicamente sempre muito disciplinado.
Serra já disse que apoiaria uma decisão de Lula sobre os reajustes irresponsáveis que o Congresso deu a aposentados. Já disse que convidaria petistas para seu governo. Na condição de candidato oposicionista, finge-se de morto, pois quer evitar até a morte o conflito com Lula.
Em suma: a elite sabe quem é Serra, embora não saiba o que o tucano faria exatamente na política econômica. A resposta de Serra sobre a autonomia do BC não altera o que esse público de elite pensa sobre ele. Para o povo, Serra, assim como Dilma e Marina, continua o seu teatro. Logo, o debate eleitoral relevante continua no escuro, mais do que qualquer campanha desde 1989.
José Serra está envolvido no debate econômico brasileiro desde o final dos anos 1960. Daí aos 1970, como economista acadêmico, de esquerda, mas não muito. Nos anos 1980, esteve no debate tanto como secretário do Planejamento do governo de São Paulo, sob Franco Montoro (1983-86), como constituinte. E, depois, como parlamentar tucano, já bem perto do "centro".
Já distante da universidade e dos escritos acadêmicos, esteve no centro do debate da política econômica nos anos FHC e protofernandinos (1993-2002), destacando-se em especial como "ministro da oposição" aos economistas do governo tucano. Serra, pois, teria o que dizer nesta campanha. Ainda terá?
Serra faz até agora uma campanha que não está à altura da sua biografia, biografia que, no entanto, tenta apresentar como sua principal vantagem diante da candidata de Lula. Note-se, porém, que Dilma está indo muito mais longe na sua tentativa de maquiar seu personagem eleitoral e na obliteração de sua personalidade.
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