"Teu buraco está pronto. É tua cova. A areia está lá do lado. É só ti jogá lá e ti cubrir”.
Era a noite de 2 de maio de 1964. Noite da minha prisão e eu estava diante do delegado do DOPS de Pernambuco. Acabara de ver, me esticando por uma janelinha, o Gilvan de cueca, numa cela lá de baixo.
A Sônia, então esposa de Milton Coelho da Graça, que me fazia gestos fraternos estava na sala ao lado. Me piscava o olho de vez em quando e, diante dos tiras, fingia que não me conhecia.
Arrepiada estava eu. De medo. Me apavorava com as ameaças do delegado cruel que tentava me intimidar com essa exaustivamente repetida frase do "teu buraco está pronto!!!"
Mesmo às altas horas da noite, não conseguia dormir. Era um estado psicológico de vigilância permanente, instintiva, para ver e saber o que ocorreria conosco. Às vezes me revezava, tentando cochilar, com minha "colega de sofá", Luiza, uma freira “subversiva”, presa numa cidade do interior, em "flagrantes atos de subversão".
Bom, depois liberaram a Sônia e nos transferiram para a Casa de Detenção do Recife, onde permaneci por longos sete meses. Mas até hoje, decorridos longos 45 anos, vivo e convivo, cotidianamente, com essa sinistra sombra do "meu buraco" na cabeça!!!
Era a noite de 2 de maio de 1964. Noite da minha prisão e eu estava diante do delegado do DOPS de Pernambuco. Acabara de ver, me esticando por uma janelinha, o Gilvan de cueca, numa cela lá de baixo.
A Sônia, então esposa de Milton Coelho da Graça, que me fazia gestos fraternos estava na sala ao lado. Me piscava o olho de vez em quando e, diante dos tiras, fingia que não me conhecia.
Arrepiada estava eu. De medo. Me apavorava com as ameaças do delegado cruel que tentava me intimidar com essa exaustivamente repetida frase do "teu buraco está pronto!!!"
Mesmo às altas horas da noite, não conseguia dormir. Era um estado psicológico de vigilância permanente, instintiva, para ver e saber o que ocorreria conosco. Às vezes me revezava, tentando cochilar, com minha "colega de sofá", Luiza, uma freira “subversiva”, presa numa cidade do interior, em "flagrantes atos de subversão".
Bom, depois liberaram a Sônia e nos transferiram para a Casa de Detenção do Recife, onde permaneci por longos sete meses. Mas até hoje, decorridos longos 45 anos, vivo e convivo, cotidianamente, com essa sinistra sombra do "meu buraco" na cabeça!!!
(Graziela Melo, poetisa, autora do livro "Crônicas, contos e poemas"- Fundação Astrojildo Pereira, 2008)
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