DEU EM O GLOBO
Cidade comemora a libertação do Alemão e a maior vitória sobre o tráfico
Após três dias de tensão e medo de que ocorresse um banho de sangue no Complexo do Alemão, o Rio respirou aliviado e comemorou a maior vitória das forças de segurança sobre o crime organizado. Em pouco mais de uma hora, a polícia retomou o território que durante pelo menos três décadas foi uma das principais fortalezas do tráfico, controlada por bandidos truculentos e munidos de armas de guerra. O sinal da conquista, que ficará para sempre marcada na História da cidade, estava nas bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro tremulando numa plataforma do teleférico do complexo. “O Alemão era o coração do mal”, disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Sem ferir um inocente sequer, os 2.600 policiais e militares fizeram uma operação exemplar, com três mortes do lado inimigo. Houve cerca de 20 presos, mas há rumores de que bandidos tenham escapado ao cerco do Exército e fugido até por tubulações de água pluvial. Disfarçado de mata-mosquito, um dos traficantes conseguiu furar o bloqueio, mas foi detido depois na casa de uma tia. Pela primeira vez desde 1994, o Exército vai policiar o Complexo do Alemão. O governador Sérgio Cabral pediu ao Ministério da Defesa que ocupe o conjunto de favelas até que o estado forme novos policiais que vão atuar na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela.
A senhora liberdade abriu as asas sobre nós
População comemora libertação histórica em operação exemplar, sem sequer um inocente ferido
Rabiscados por uma moradora do Complexo do Alemão e depositados numa caixinha de fósforo, os versos de um samba que pede liberdade, imortalizados pela Imperatriz Leopoldinense, escola de samba de Ramos, se tornaram realidade num dos maiores conjuntos de favelas do Rio. Depois de pelo menos 30 anos de domínio do tráfico, a polícia, com tropas das Forças Armadas, levou ontem pouco mais de uma hora para chegar ao alto do maciço.
Foram momentos de intensa expectativa.
Mas, logo, um dos momentos mais marcantes e emocionantes dos últimos dias de ataques de terror, e contra-ataques das forças de segurança, seria presenciado: a Bandeira do Brasil tremulava soberana sobre uma laje, uma imagem que já entrou para a história da cidade.
— O Alemão era o coração do mal — disse, no fim do dia, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, traduzindo em poucas palavras o significado da vitória.
O prefeito Eduardo Paes revelou na tarde de ontem que vai assinar decreto municipal tornando o dia 28 de novembro a data de “refundação da cidade”.
Paes vai anunciar sua decisão na reunião que terá hoje, às 10h, com todos os secretários municipais.
— É uma data histórica para o Rio, o estado e o país. Nada mais justo. A tomada do Alemão pelas forças do estado inaugura um novo momento para o Rio — disse Paes.
Ao contrário do que se temia, o banho de sangue não aconteceu. Os 2.600 homens do Estado “varreram tudo o que estava pela frente” como prometido, depois de 24 horas de um Rabiscados por uma moradora do Complexo do Alemão e depositados numa caixinha de fósforo, os versos de um samba que pede liberdade, imortalizados pela Imperatriz Leopoldinense, escola de samba de Ramos, se tornaram realidade num dos maiores conjuntos de favelas do Rio. Depois de pelo menos 30 anos de domínio do tráfico, a polícia, com tropas das Forças Armadas, levou ontem pouco mais de uma hora para chegar ao alto do maciço.
Foram momentos de intensa expectativa.
Mas, logo, um dos momentos mais marcantes e emocionantes dos últimos dias de ataques de terror, e contra-ataques das forças de segurança, seria presenciado: a Bandeira do Brasil tremulava soberana sobre uma laje, uma imagem que já entrou para a história da cidade.
— O Alemão era o coração do mal — disse, no fim do dia, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, traduzindo em poucas palavras o significado da vitória.
O prefeito Eduardo Paes revelou na tarde de ontem que vai assinar decreto municipal tornando o dia 28 de novembro a data de “refundação da cidade”.
Paes vai anunciar sua decisão na reunião que terá hoje, às 10h, com todos os secretários municipais.
— É uma data histórica para o Rio, o estado e o país. Nada mais justo. A tomada do Alemão pelas forças do estado inaugura um novo momento para o Rio — disse Paes.
Ao contrário do que se temia, o banho de sangue não aconteceu. Os 2.600 homens do Estado “varreram tudo o que estava pela frente” como prometido, depois de 24 horas de um ultimato em que se aguardou a rendição dos bandidos, sem ferir um inocente sequer. Nas baixas, três mortos, apenas do lado dos bandidos. No início da manhã, houve confrontos. Mas, em seguida, os policiais teriam pleno domínio da região de mais difícil acesso, conhecida como Areal. Ali, já se dava como certo o sucesso da missão que alguns achavam ser impossível.
À medida em que os policiais progrediam morro acima, o mito do poderio da facção criminosa rolava morro abaixo. Centenas de bandidos que fugiram para lá, depois das incursões na Vila Cruzeiro, na Penha, deram nova demonstração de que jogavam para a plateia ao exibir fuzis e fazer sinais ameaçadores do bunker. Cara a cara com os policiais, o comportamento mudou muito. Como ratos, chegaram a tentar fugir pelos egotos.
Prova de que a aparente valentia não resistiu à pressão foi a prisão do traficante Elizeu Felício de Souza, conhecido como Zeu. Condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes e foragido da Justiça, ele estava visivelmente abatido ao ser detido. Um detalhe não passou despercebido: ele tinha urinado nas calças. Outro bandido, identificado como Vitinho, tentou fugir vestido com um uniforme de mata- mosquito, mas foi denunciado e preso na Favela da Chatuba, também na Zona Norte. Pelo menos 20 bandidos foram capturados, segundo estimativa feita ontem à noite.
Foram denúncias dos próprios moradores, demonstrando apoiar como nunca a polícia, que tornaram a ação mais efetiva. O Disque-Denúncia havia recebido 746 ligações, a maioria seria de moradores da comunidade. Só quem dorme com o inimigo conheceria detalhes como os que levaram à descoberta da mansão de Polegar — outro traficante na lista dos mais procurados que estava na resistência — entre as mais de 26 mil casas humildes do lugar. O bandido está foragido.
Mas agora sabe-se que, em meio à miséria do complexo, um dos mais baixos IDH do Rio, ele vivia numa casa luxuosa: três andares com piscina e banheira de hidromassagem.
Os próximos dias serão de pente fino.
Ontem, porém, foram feitas apreensões recordes, só registradas em interceptações de carregamentos de droga nas estradas: cerca de 13 toneladas de maconha, 200 quilos de cocaína e 10 quilos de crack.
De patinho feio, o Rio de Janeiro passa a cisne em matéria de segurança pública, ainda que neste primeiro momento. Com o cerco sem precedentes ao tráfico, cresce a pressão para que a presidente eleita Dilma Rousseff leve as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) a outros estados. Ontem, a assessoria da petista reafirmou que este é um dos compromissos de campanha que serão discutidos com os governadores no início de 2011.
Na quinta-feira passada, ao pisar na Vila Cruzeiro, que fica ao lado do Alemão, o poder público revelou uma estratégia militar que consiste na progressão gradual e certeira sobre o território, semelhante à usada pelas tropas aliadas ao ocupar a Normadia, durante a Segunda Guerra — e que criou as condições para se vencer os nazistas.
Assim como Paris foi retomada no passado, a polícia também, com passos milimetricamente pensados, recuperou o Alemão. É um feito e tanto.
Mas foi apenas uma batalha vencida.
A guerra ainda não acabou.
Cidade comemora a libertação do Alemão e a maior vitória sobre o tráfico
Após três dias de tensão e medo de que ocorresse um banho de sangue no Complexo do Alemão, o Rio respirou aliviado e comemorou a maior vitória das forças de segurança sobre o crime organizado. Em pouco mais de uma hora, a polícia retomou o território que durante pelo menos três décadas foi uma das principais fortalezas do tráfico, controlada por bandidos truculentos e munidos de armas de guerra. O sinal da conquista, que ficará para sempre marcada na História da cidade, estava nas bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro tremulando numa plataforma do teleférico do complexo. “O Alemão era o coração do mal”, disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Sem ferir um inocente sequer, os 2.600 policiais e militares fizeram uma operação exemplar, com três mortes do lado inimigo. Houve cerca de 20 presos, mas há rumores de que bandidos tenham escapado ao cerco do Exército e fugido até por tubulações de água pluvial. Disfarçado de mata-mosquito, um dos traficantes conseguiu furar o bloqueio, mas foi detido depois na casa de uma tia. Pela primeira vez desde 1994, o Exército vai policiar o Complexo do Alemão. O governador Sérgio Cabral pediu ao Ministério da Defesa que ocupe o conjunto de favelas até que o estado forme novos policiais que vão atuar na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela.
A senhora liberdade abriu as asas sobre nós
População comemora libertação histórica em operação exemplar, sem sequer um inocente ferido
Rabiscados por uma moradora do Complexo do Alemão e depositados numa caixinha de fósforo, os versos de um samba que pede liberdade, imortalizados pela Imperatriz Leopoldinense, escola de samba de Ramos, se tornaram realidade num dos maiores conjuntos de favelas do Rio. Depois de pelo menos 30 anos de domínio do tráfico, a polícia, com tropas das Forças Armadas, levou ontem pouco mais de uma hora para chegar ao alto do maciço.
Foram momentos de intensa expectativa.
Mas, logo, um dos momentos mais marcantes e emocionantes dos últimos dias de ataques de terror, e contra-ataques das forças de segurança, seria presenciado: a Bandeira do Brasil tremulava soberana sobre uma laje, uma imagem que já entrou para a história da cidade.
— O Alemão era o coração do mal — disse, no fim do dia, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, traduzindo em poucas palavras o significado da vitória.
O prefeito Eduardo Paes revelou na tarde de ontem que vai assinar decreto municipal tornando o dia 28 de novembro a data de “refundação da cidade”.
Paes vai anunciar sua decisão na reunião que terá hoje, às 10h, com todos os secretários municipais.
— É uma data histórica para o Rio, o estado e o país. Nada mais justo. A tomada do Alemão pelas forças do estado inaugura um novo momento para o Rio — disse Paes.
Ao contrário do que se temia, o banho de sangue não aconteceu. Os 2.600 homens do Estado “varreram tudo o que estava pela frente” como prometido, depois de 24 horas de um Rabiscados por uma moradora do Complexo do Alemão e depositados numa caixinha de fósforo, os versos de um samba que pede liberdade, imortalizados pela Imperatriz Leopoldinense, escola de samba de Ramos, se tornaram realidade num dos maiores conjuntos de favelas do Rio. Depois de pelo menos 30 anos de domínio do tráfico, a polícia, com tropas das Forças Armadas, levou ontem pouco mais de uma hora para chegar ao alto do maciço.
Foram momentos de intensa expectativa.
Mas, logo, um dos momentos mais marcantes e emocionantes dos últimos dias de ataques de terror, e contra-ataques das forças de segurança, seria presenciado: a Bandeira do Brasil tremulava soberana sobre uma laje, uma imagem que já entrou para a história da cidade.
— O Alemão era o coração do mal — disse, no fim do dia, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, traduzindo em poucas palavras o significado da vitória.
O prefeito Eduardo Paes revelou na tarde de ontem que vai assinar decreto municipal tornando o dia 28 de novembro a data de “refundação da cidade”.
Paes vai anunciar sua decisão na reunião que terá hoje, às 10h, com todos os secretários municipais.
— É uma data histórica para o Rio, o estado e o país. Nada mais justo. A tomada do Alemão pelas forças do estado inaugura um novo momento para o Rio — disse Paes.
Ao contrário do que se temia, o banho de sangue não aconteceu. Os 2.600 homens do Estado “varreram tudo o que estava pela frente” como prometido, depois de 24 horas de um ultimato em que se aguardou a rendição dos bandidos, sem ferir um inocente sequer. Nas baixas, três mortos, apenas do lado dos bandidos. No início da manhã, houve confrontos. Mas, em seguida, os policiais teriam pleno domínio da região de mais difícil acesso, conhecida como Areal. Ali, já se dava como certo o sucesso da missão que alguns achavam ser impossível.
À medida em que os policiais progrediam morro acima, o mito do poderio da facção criminosa rolava morro abaixo. Centenas de bandidos que fugiram para lá, depois das incursões na Vila Cruzeiro, na Penha, deram nova demonstração de que jogavam para a plateia ao exibir fuzis e fazer sinais ameaçadores do bunker. Cara a cara com os policiais, o comportamento mudou muito. Como ratos, chegaram a tentar fugir pelos egotos.
Prova de que a aparente valentia não resistiu à pressão foi a prisão do traficante Elizeu Felício de Souza, conhecido como Zeu. Condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes e foragido da Justiça, ele estava visivelmente abatido ao ser detido. Um detalhe não passou despercebido: ele tinha urinado nas calças. Outro bandido, identificado como Vitinho, tentou fugir vestido com um uniforme de mata- mosquito, mas foi denunciado e preso na Favela da Chatuba, também na Zona Norte. Pelo menos 20 bandidos foram capturados, segundo estimativa feita ontem à noite.
Foram denúncias dos próprios moradores, demonstrando apoiar como nunca a polícia, que tornaram a ação mais efetiva. O Disque-Denúncia havia recebido 746 ligações, a maioria seria de moradores da comunidade. Só quem dorme com o inimigo conheceria detalhes como os que levaram à descoberta da mansão de Polegar — outro traficante na lista dos mais procurados que estava na resistência — entre as mais de 26 mil casas humildes do lugar. O bandido está foragido.
Mas agora sabe-se que, em meio à miséria do complexo, um dos mais baixos IDH do Rio, ele vivia numa casa luxuosa: três andares com piscina e banheira de hidromassagem.
Os próximos dias serão de pente fino.
Ontem, porém, foram feitas apreensões recordes, só registradas em interceptações de carregamentos de droga nas estradas: cerca de 13 toneladas de maconha, 200 quilos de cocaína e 10 quilos de crack.
De patinho feio, o Rio de Janeiro passa a cisne em matéria de segurança pública, ainda que neste primeiro momento. Com o cerco sem precedentes ao tráfico, cresce a pressão para que a presidente eleita Dilma Rousseff leve as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) a outros estados. Ontem, a assessoria da petista reafirmou que este é um dos compromissos de campanha que serão discutidos com os governadores no início de 2011.
Na quinta-feira passada, ao pisar na Vila Cruzeiro, que fica ao lado do Alemão, o poder público revelou uma estratégia militar que consiste na progressão gradual e certeira sobre o território, semelhante à usada pelas tropas aliadas ao ocupar a Normadia, durante a Segunda Guerra — e que criou as condições para se vencer os nazistas.
Assim como Paris foi retomada no passado, a polícia também, com passos milimetricamente pensados, recuperou o Alemão. É um feito e tanto.
Mas foi apenas uma batalha vencida.
A guerra ainda não acabou.
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