DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central anunciaram ontem as duas primeiras providências destinadas a conter a expansão do crédito. O efeito colateral será o encarecimento dos financiamentos e, possivelmente, a redução do consumo. Em parte, devem ajudar os juros básicos (Selic) a dominar a inflação.
A primeira dessas medidas aumenta em 50% as necessidades de capital dos bancos para as operações de crédito por períodos de mais de um ano. Ou seja, ou os bancos terão menos interesse em esticar os prazos de financiamento; ou esse crédito ficará bem mais caro; ou, ainda, as duas coisas juntas.
A outra decisão impõe elevação de 50% nos recolhimentos compulsórios dos bancos, que, assim, terão à disposição menos dinheiro para emprestar.
O objetivo é reduzir os riscos de formação de bolhas financeiras que a farta distribuição de crédito pode produzir. Para justificar esse passo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, explicou que o índice de inadimplência está subindo fortemente nos segmentos de crédito de três a quatro anos e nos de cinco a dez anos.
Ficou claro o objetivo de não atingir, pelo menos por enquanto, os financiamentos imobiliários, provavelmente porque o Banco Central não quer desestimular o programa Minha Casa, Minha Vida.
No entanto, essas operações com garantia hipotecária estão crescendo a alta velocidade, nem sempre atendendo à exigência de renda familiar proporcional ao valor do financiamento. É o que explica a enorme valorização dos imóveis urbanos. Por enquanto, não há sinais de formação de perigosa bolha financeira nas proporções das que deflagraram a crise nos Estados Unidos e na Irlanda. Mas, a continuar nesse ritmo, mais cedo ou mais tarde, as autoridades serão chamadas a arrochar também esse segmento do crédito.
São medidas prudenciais, avisou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. É outro jeito de lembrar que o santo é de barro e que é preciso seguir mais devagar com o andor. O setor mais atingido pelas restrições ao financiamento será o das vendas de veículos, um dos mais aquecidos no momento. As montadoras terão de lidar com três fatores que as obrigarão a reduzir a marcha: relativo saturamento do mercado interno; baixo apetite do mercado externo; e perspectiva de aperto dos cintos na administração das finanças públicas, o que deverá contribuir para um avanço mais moderado do consumo.
O aperto na área do recolhimento compulsório não veio apenas com o objetivo de complementar as decisões anteriores que restringem o crédito. Retiram definitivamente os estímulos ao consumo e à produção que haviam sido concedidos em 2008 e 2009 com o objetivo de dar mais flexibilidade ao País no enfrentamento da recessão imposta pela crise global.
Essas decisões têm de ser examinadas à luz da situação em que foram tomadas, ou seja, logo depois das eleições e imediatamente antes da última reunião do Copom da administração Lula, agendada para a próxima quarta-feira.
Na medida em que esperaram para que se fechasse o ciclo eleitoral, tiveram o cuidado de não criar obstáculos para a escolha da então candidata apoiada pelo governo, a nova presidente, Dilma Rousseff. Como foram tomadas antes da reunião do Copom, reforçam a percepção de que uma nova alta dos juros básicos, necessária para reduzir a velocidade da inflação, pode ser deixada para janeiro de 2011.
As cotações do ouro continuam lá em cima (veja gráfico), refletindo as turbulências do momento. Nem o dólar, nem o iene japonês, nem tampouco o euro passam segurança.
O tamanho do bolo
No final de junho, a carteira de investimentos (reservas) dos fundos de pensão do Brasil tinha R$ 489 bilhões em ativos. Desses, 62,8% correspondiam a aplicações de renda fixa; 29,6%, a renda variável (ações); 2,9%, a imóveis; e 2,6%, a empréstimos a participantes. O maior de todos, o Previ (Banco do Brasil), detinha R$ 86,6 bilhões em reservas.
O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central anunciaram ontem as duas primeiras providências destinadas a conter a expansão do crédito. O efeito colateral será o encarecimento dos financiamentos e, possivelmente, a redução do consumo. Em parte, devem ajudar os juros básicos (Selic) a dominar a inflação.
A primeira dessas medidas aumenta em 50% as necessidades de capital dos bancos para as operações de crédito por períodos de mais de um ano. Ou seja, ou os bancos terão menos interesse em esticar os prazos de financiamento; ou esse crédito ficará bem mais caro; ou, ainda, as duas coisas juntas.
A outra decisão impõe elevação de 50% nos recolhimentos compulsórios dos bancos, que, assim, terão à disposição menos dinheiro para emprestar.
O objetivo é reduzir os riscos de formação de bolhas financeiras que a farta distribuição de crédito pode produzir. Para justificar esse passo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, explicou que o índice de inadimplência está subindo fortemente nos segmentos de crédito de três a quatro anos e nos de cinco a dez anos.
Ficou claro o objetivo de não atingir, pelo menos por enquanto, os financiamentos imobiliários, provavelmente porque o Banco Central não quer desestimular o programa Minha Casa, Minha Vida.
No entanto, essas operações com garantia hipotecária estão crescendo a alta velocidade, nem sempre atendendo à exigência de renda familiar proporcional ao valor do financiamento. É o que explica a enorme valorização dos imóveis urbanos. Por enquanto, não há sinais de formação de perigosa bolha financeira nas proporções das que deflagraram a crise nos Estados Unidos e na Irlanda. Mas, a continuar nesse ritmo, mais cedo ou mais tarde, as autoridades serão chamadas a arrochar também esse segmento do crédito.
São medidas prudenciais, avisou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. É outro jeito de lembrar que o santo é de barro e que é preciso seguir mais devagar com o andor. O setor mais atingido pelas restrições ao financiamento será o das vendas de veículos, um dos mais aquecidos no momento. As montadoras terão de lidar com três fatores que as obrigarão a reduzir a marcha: relativo saturamento do mercado interno; baixo apetite do mercado externo; e perspectiva de aperto dos cintos na administração das finanças públicas, o que deverá contribuir para um avanço mais moderado do consumo.
O aperto na área do recolhimento compulsório não veio apenas com o objetivo de complementar as decisões anteriores que restringem o crédito. Retiram definitivamente os estímulos ao consumo e à produção que haviam sido concedidos em 2008 e 2009 com o objetivo de dar mais flexibilidade ao País no enfrentamento da recessão imposta pela crise global.
Essas decisões têm de ser examinadas à luz da situação em que foram tomadas, ou seja, logo depois das eleições e imediatamente antes da última reunião do Copom da administração Lula, agendada para a próxima quarta-feira.
Na medida em que esperaram para que se fechasse o ciclo eleitoral, tiveram o cuidado de não criar obstáculos para a escolha da então candidata apoiada pelo governo, a nova presidente, Dilma Rousseff. Como foram tomadas antes da reunião do Copom, reforçam a percepção de que uma nova alta dos juros básicos, necessária para reduzir a velocidade da inflação, pode ser deixada para janeiro de 2011.
As cotações do ouro continuam lá em cima (veja gráfico), refletindo as turbulências do momento. Nem o dólar, nem o iene japonês, nem tampouco o euro passam segurança.
O tamanho do bolo
No final de junho, a carteira de investimentos (reservas) dos fundos de pensão do Brasil tinha R$ 489 bilhões em ativos. Desses, 62,8% correspondiam a aplicações de renda fixa; 29,6%, a renda variável (ações); 2,9%, a imóveis; e 2,6%, a empréstimos a participantes. O maior de todos, o Previ (Banco do Brasil), detinha R$ 86,6 bilhões em reservas.
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