sábado, 4 de dezembro de 2010

Medo de inflação e calote faz BC dificultar o crédito

DEU EM O GLOBO

Passada a eleição, governo decide esfriar onda de consumo que estimulara

Preocupado com a inflação em alta e o aumento da inadimplência nos financiamentos de longo prazo, o Banco Central anunciou um pacote de medidas para apertar o crediário e frear o consumo. Na contramão do que foi prometido pelo governo durante as eleições, foi elevado o compulsório sobre depósitos à vista e a prazo. Exigências para compra parcelada de veículos também foram elevadas. Redes de varejo acham que as vendas de Natal não serão reduzidas pois os recursos para financiamentos já estavam contratados. Mas o crédito nos bancos deve ficar mais caro. Com as medidas, o BC não deverá subir juros na próxima reunião do Copom.


Para Mantega, crédito poderia "passar do limite"

Temos de dar uma moderada", diz ministro

Martha Beck

BRASÍLIA. As medidas anunciadas ontem para conter o crédito mostraram que as preocupações da equipe econômica com o aumento da inflação eram maiores do que fazia crer o discurso oficial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha dizendo nas últimas semanas que a elevação dos preços no país era pontual por conta de alguns alimentos, ontem mudou o tom. Ele afirmou que a nova medida foi acertada e deve evitar que o crédito "passe dos limites".

- Acho que as medidas são muito boas, são muito acertadas. O aumento do compulsório tira um pouco de liquidez do crédito, que cresceu muito ultimamente. Temos de dar uma moderada para que ele não passe dos limites - disse o ministro.

Mantega reconheceu que as medidas devem encarecer o crédito para os consumidores:

- As medidas prudenciais também são importantes. Elas exigem mais capital dos bancos para operações de maior risco, de modo que, se houver algum problema, eles vão ter cobertura. É claro que isso vai encarecer um pouco o crédito, mas nesse momento em que há uma expansão, é oportuno fazê-lo.

O ministro negou que o governo esteja preocupado com a qualidade do crédito:

- Não é que (a qualidade) esteja preocupante , mas o crescimento foi muito forte. Hoje, o crédito já foi totalmente restabelecido depois do período pós-crise e temos de dar uma moderada.

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