Na 1ª quinzena de abril, consultas para vendas a prazo cresceram 6,4% na comparação anual, com recuo de 0,9 ponto porcentual ante o 1º trimestre
Márcia De Chiara
As vendas do comércio varejista tiveram uma tímida desaceleração na primeira quinzena deste mês em relação ao mesmo período de 2010, depois da série de medidas adotadas pelo governo, desde do início de dezembro do ano passado, para esfriar o consumo e segurar a inflação.
Dados preliminares da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que, entre os dias 1.º e 15 deste mês, as consultas para compras a prazo aumentaram 6,4% na comparação anual, com decréscimo de 0,9 ponto porcentual em relação à taxa anual de crescimento no primeiro trimestre (7,3%).
Nas compras com cheque à vista ou pré-datado, a desaceleração foi ligeiramente maior em abril. Na primeira quinzena do mês, as consultas nessa modalidade de pagamento cresceram 6,8% na comparação anual, depois de terem aumentado 8,1% no primeiro trimestre em relação a 2010. A desaceleração foi de 1,3 ponto porcentual.
As Lojas Cem, rede especializada em móveis e eletroeletrônicos, confirmam a desaceleração. Na primeira quinzena, a rede ampliou as vendas em 15% na comparação com os mesmos dias de 2010, após ter encerrado março com crescimento anual na casa de 20%.
"Houve uma pequena redução na velocidade de vendas, apesar de não termos mexido nas taxas porque financiamos o consumidor com recursos próprios", afirma o supervisor-geral da rede, José Domingos Alves. Ele atribui esse resultado à base forte de comparação, que foi a primeira quinzena de abril do ano passado, e aos feriados prolongados desta semana. Quando há feriado longo, o consumidor economiza nas compras para poder viajar. "Não vemos essa pequena desaceleração como ameaça para o desempenho do mês", diz.
"Está ocorrendo uma desaceleração gradual do consumo, consistente com o que o governo quer", observa o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Segundo ele, a perda de velocidade foi maior nas vendas à vista porque essa forma de pagamento está atrelada ao comportamento da massa salarial, que está perdendo fôlego. Por isso, as consultas para pagamento com cheque cresceram menos.
Calote. Além da desaceleração das vendas, os dados da primeira quinzena deste mês mostram maior dificuldade para renegociar os carnês com prestações em atraso. O número de renegociações aumentou 3,3% na comparação com a primeira quinzena de abril de 2010, após ter encerrado o primeiro trimestre com alta de 4,2%. O ciclo de aperto dos juros, iniciado pelo Banco Central em dezembro, explica parte desse resultado.
Já o volume de dívidas com pagamentos atrasados a mais de 30 dias foi 9% maior na primeira quinzena deste mês na comparação anual. Os dados da ACSP indicam que a taxa de crescimento da inadimplência está mantida desde o primeiro trimestre.
Alfieri diz que a perspectiva é que o calote encerre este mês em alta, refletindo o aumento das compras por ocasião do Natal de 2010, que, aliás, foi o maior da década. "A inadimplência tem alta sazonal em abril."
Páscoa
Mesmo com preços mais altos do que em 2010, as vendas de itens de Páscoa, como chocolate, peixe e vinho, devem crescer 10,6% este ano, prevê a Associação Paulista de Supermercados
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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