A Chamada de “marolinha” pelo ex-presidente Lula, a crise financeira deflagrada em setembro de 2008, nos Estados Unidos, que rapidamente e de forma persistente alcançou todo o sistema econômico global, está muito longe de ser superada.
À época enfrentada com o surrado populismo fiscal que incentivou o crédito fácil para o consumo de forma irresponsável e a redução de IPI para alguns setores produtivos, vendeu a fantasiosa ideia de que o país passaria ao largo da crise que arrastava as economias dos países centrais para uma recessão longa e profunda.
Contra todos os avisos e críticas dos mais variados economistas, enveredamos por um perigoso caminho, o do consumo subsidiado pelo Estado, quando deveríamos ter empregado toda a energia possível no sentido de efetivar reformas fundamentais que dariam um lastro seguro para um desenvolvimento sustentado, como a reforma tributária, previdenciária e trabalhista.
Sem falar nos necessários investimentos em infraestrutura que fossem capazes de diminuir o custo Brasil, tornando nossos produtos, sobretudo os manufaturados, competitivos no mercado mundial.
Como nada disso foi feito, sentimos agora o agravamento da crise transformada em alta da inflação, descontrole cambial com risco de uma maxidesvalorização, forte regressão de nosso parque industrial, maior endividamento do Estado e uma precarização das políticas públicas do governo, como o demonstra à farta a situação da educação, da saúde e segurança do povo brasileiro.
Pagamos, não apenas o preço do descaso para com as necessárias reformas do Estado que se exige há muito, mas da incompetência gerencial de um governo que loteou as agências reguladoras com seus arranjos de ocasião, a estrutura do Estado aos partidos aliados, sem nenhum critério que levasse o interesse público em devida conta.
Com o aprofundamento da crise, esgotados os artifícios da mágica do populismo e tendo o Estado presa de interesses clientelísticos e patrimonialistas, fica a sociedade jogada à própria sorte.
O resultado é uma inflação perigosamente crescente, um preocupante nível de endividamento das famílias e o aumento da inadimplência, solapando sua capacidade de consumo, em um momento que os empregos começam a escassear, uma paralisia da indústria incapaz de vencer os custos de produção e enfrentar a concorrência internacional.
Vivemos um governo precocemente envelhecido, incapaz de articular políticas sólidas de desenvolvimento econômico e social de longo prazo, ou materializar os planos que herdou, simplesmente porque a atual estrutura do Estado é incapaz de responder com a necessária presteza aos desafios postos pela atual conjuntura.
O que pareceu para os desavisados uma marolinha transformou-se em uma onda que se ergueu do mar ameaçando as conquistas tão duramente conseguidas de uma moeda estável e inflação controlada, colocando à prova a capacidade de um governo que até agora apenas reage às circunstâncias, falta de capacidade técnica e planejamento, busca a zona de conforto de políticas protecionistas ao invés do desafio da inovação.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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