O governo baixou a expectativa de crescimento de 4,5% para, no máximo, 4% neste ano, e a Confederação Nacional da Indústria, de 3,8% para 3,4%. É um efeito direto da crise internacional e cria uma situação estranha: menor crescimento e maior inflação (?!).
Você pode perguntar: e nós com isso? Nós temos tudo a ver com isso. Se o país cresce robustos 7,5%, como no ano passado, o governo arrecada e investe mais, a indústria está aquecida, o comércio vende muito, as pessoas têm emprego e salários, com perspectiva favoráveis. Logo, compram. É um círculo virtuoso.
Com um crescimento de modestos 3,4%, como prevê a CNI, e sendo sucessivamente revisto para baixo, inverte-se o clima: o governo se acautela, a indústria recua, o comércio vende menos, as pessoas temem perder o emprego e veem o sonho de aumentos evaporar. Logo, param de comprar. Principalmente se a inflação se assanha, como agora. Começa, senão um círculo vicioso, uma situação de intranquilidade.
Para o ano que vem, a CNI mantém o otimismo e a previsão de crescimento de 5%. Se a Europa, os EUA, a China e os deuses deixarem, claro.
Como será ano de eleições municipais, há uma notícia boa e outra má para o país, particularmente para o setor industrial. A boa: os governos tendem a contratar obras de infraestrutura -e placas de inauguração. A má: os mesmos governos desandam a gastar em custeio, ameaçando o controle fiscal.
Para a presidente Dilma Rousseff, os dados do crescimento, a reversão do otimismo e o aumento de preços, em especial de alimentos, apontam também para uma ainda sutil mudança de humor da população.
Como pano de fundo, a onda de greves que se espalha pelo país.
O primeiro semestre de Dilma foi de "faxina" e de queda de ministros. O segundo é da economia, da economia e da economia.
Sem certezas, com dúvidas e cheia de temores.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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