Onda de greves em obras de estádios da Copa preocupa a Fifa. Ontem, trabalhadores cruzaram os braços em Salvador. Em Fortaleza, a greve já dura dez dias
Onda de greves é nova preocupação
Fonte Nova e Castelão estão com as obras paralisadas e operários da Arena das Dunas pararam por 11 dias; COL e Fifa temem atrasos ainda maiores
Anna Ruth Dantas, Almir Leite, Carmen Pompeu e Tiago Décimo
As greves que pipocaram nos últimos dias em obras de estádios da Copa de 2014 é o novo motivo de apreensão da Fifa e do Comitê Organizador Local (COL). Ontem, os trabalhadores da Arena Fonte Nova, em Salvador, cruzaram os braços, reivindicando melhorias salariais e das condições de trabalho. A reforma do Castelão, em Fortaleza, tida como a obra em arena mais adiantada, está parada há dez dias. E os operários da Arena das Dunas, em Natal, a mais atrasada, retomaram as atividades na tarde de ontem após dez dias parados.
O COL observa com atenção a situação. "O Comitê Organizador Local monitora de perto o andamento das obras nos estádios e vem acompanhando com atenção as paralisações"", disse o órgão ao Estado, por meio de nota. "Seguimos trabalhando com as sedes na expectativa do término dessas paralisações, para que não sejam afetados os cronogramas de entrega dos 12 estádios da Copa do Mundo da Fifa.""
A greve na Fonte Nova está ligada à paralisação dos trabalhadores da construção pesada no Estado da Bahia, que atinge cerca de 300 obras. A assembleia que decidiu pela interrupção dos trabalhos foi realizada na manhã de ontem no estádio. Os operários querem 20% de reajuste salarial e aumento do valor da cesta básica de R$ 130 para R$ 250, entre outras reivindicações.
A Fonte Nova tem 56% das obras concluídas, segundo último levantamento do Ministério do Esporte. No dia 27 receberá visita de comitiva da Fifa, com parte da inspeção que determinará se a arena poderá ou não receber jogos da Copa das Confederações em 2013. A entrega do estádio está prevista para dezembro e a Secopa local não acredita que haverá atraso.
O mesmo já não ocorre em Fortaleza. Os dez dias de paralisação levaram ontem o consórcio formado pelas empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça, a manifestar preocupação. Diz o consórcio que, se a greve se prolongar, "poderá prejudicar o cumprimento do marco (prazo), gerando prejuízos irreparáveis ao futebol cearense"".
O secretário especial da Copa no Ceará, Ferruccio Feitosa, pensa diferente: acredita que a paralisação não comprometa o cronograma até 2014. O estádio é um dos escolhidos para a Copa das Confederações e a previsão de entrega é o mês de dezembro.
A greve, porém, pode se prolongar. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem (Sintepav) diz que as negociações com o consórcio não avançaram e que os operários vão continuar em greve - haverá nova assembleia na segunda-feira.
Os servidores almejam, entre outros itens, um salário base igual para os trabalhadores dos 12 estádios da Copa. "Reivindicamos a pauta nacional, que inclui o salário unificado dos trabalhadores. Houve descumprimento do acordo porque algumas empresas pagaram o valor único e outras não"", diz o presidente do Sintepav, Raimundo Nonato.
Em Natal, a greve, por aumento salarial e para pedir a readmissão de 12 trabalhadores demitido na paralisação anterior, foi encerrada ontem à tarde. Os operários enfim cumpriram a liminar a favor do consórcio que toca as obras dada na segunda-feira pelo Tribunal Regional do Trabalho, que determinava a volta imediata ao trabalho. Mas não está descartada nova paralisação.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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