Por Haddad, ex-presidente faz visita pública a Maluf; exigência teria sido do deputado
Sérgio Roxo
SÃO PAULO. Para garantir que o seu ex-ministro da Educação Fernando Haddad tenha o maior tempo no programa eleitoral de TV da eleição de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pela primeira vez na vida à casa do deputado federal Paulo Maluf, adversário histórico do PT, no começo da tarde de ontem.
Lula ficou cerca de 30 minutos no local e saiu sem dar entrevista. De acordo com petistas, a presença do ex-presidente na casa de Maluf foi uma exigência imposta pelo deputado federal para fechar a aliança.
Deputado é procurado pela Interpol por desvio de dinheiro
Depois de uma breve conversa na parte interna da casa, os portões foram abertos para que os fotógrafos registrassem os cumprimentos na saída, com a presença de Haddad.
- Queria agradecer a presença do presidente, que apesar das recomendações médicas de não falar, compareceu à minha casa - disse Maluf, que não pode deixar o país porque é procurado pela Interpol por suposto envio de US$ 11,6 milhões para conta bancária nos Estados Unidos.
A informação de que a visita de ontem foi a primeira de Lula à casa de Maluf foi passada pela assessoria do próprio deputado. O Instituto Lula não confirmou.
Maluf negou que o apoio seja contrapartida pela nomeação, publicada na última sexta-feira, no Diário Oficial da União, de Osvaldo Garcia, que seria ligado ao deputado, para a secretaria de saneamento ambiental do Ministério das Cidades.
- Não conheço (Garcia). Parece que é do Paraná.
O deputado federal, que é presidente estadual do PP, não quis dizer os motivos que o levaram a desistir de negociar a aliança com o tucano José Serra.
- Haddad é o nosso candidato porque eu amo São Paulo. E por amor a São Paulo eu tenho plena convicção de que São Paulo vai precisar do governo federal para resolver seus problemas.
Questionado sobre as restrições feitas por Luiza Erundina, vice na chapa do petista, na aliança, o deputado elogiou a gestão dela na prefeitura. Também afirmou que no mundo atual "não existe mais esquerda e direita".
Projeto político nacional já conta com apoio do PP
Maluf se colocou à disposição para aparecer na propaganda eleitoral do petista na televisão, mas Haddad afirmou que a participação do líder do PP na propaganda ainda será avaliada, e disse ser "normal partidos que têm diferença" fazerem uma aliança pela cidade.
Para a candidato do PT, a aliança se justifica porque os dois partidos estão unidos no governo federal.
- Hoje temos um projeto político no país que está dando certo, que pelo terceiro mandato conta com o apoio do Partido Progressista. O PP coordena o Ministério das Cidades. Nós temos que olhar o que é melhor para a cidade.
Questionado sobre a gestão de Maluf como prefeito (1993-1996), Haddad respondeu:
- Nunca neguei a ele que sempre estivemos em campos opostos no passado. A divergência é natural na política.
FONTE: O GLOBO
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