“Por outro lado, com o enfraquecimento do Estado-nação e em decorrência dos processos que sumariamente chamamos de globalização, a laicidade da política cada vez mais é o resultado de mediação entre crentes e não crentes, que tem como teatro a sociedade civil. Ela, pois, interpela de modo novo os fundamentos de uma democracia dos partidos.
A assimilação deste problema talvez seja o desafio mais complicado e difícil para a construção do PD, uma vez que, sobre temas eticamente sensíveis, desenvolve-se em seu interior uma confrontação de valores e princípios diferentes entre crentes e não crentes, inicialmente vividos por uns e outros como inegociáveis.
Considero, porém, que o desafio possa ser vencido em razão da marcante laicidade do catolicismo político presente no PD e da extensa difusão, entre os filiados ao partido, da consciência de que a laicidade da política consiste, precisamente, em tornar compatíveis escolhas de valores e princípios até mesmo não negociáveis, fazendo conviver em harmonia os crentes das diversas confissões religiosas e os não crentes com base no reconhecimento comum da laicidade como fundamento indispensável da política democrática.”
In. Giuseppe Vaca.’Por um novo reformismo’, p.p. 251-2. Fundação Astrojildo Pereira / Contraponto, 2009.
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