O tema era a produtividade, mas o presidenciável fez um discurso de campanha
Priscilla Arroyo
SÃO PAULO - Diante do fraco desempenho da economia, tudo indica que o debate acerca do tema vai pautar os discursos políticos durante a corrida presidencial no próximo ano. O senador e presidente nacional do PS-BD, Aécio Neves - provável candidato à presidência da República - critica a relação do governo com a iniciativa privada e diz que esse é um dos principais entraves para o aumento da produtividade.
"Hoje o estado assusta o setor privado com excesso de intervencionismo e mudança permanente das regras. Isso responde pelo crescimento pífio da economia nos últimos anos", afirmou o senador durante evento da revista "Exame" ontem em São Paulo.
Para Aécio, a reunião promovida pela presidenta Dilma Russeff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na última semana com empresários em Nova York para atrair investimentos foi um atraso. "O governo quer convencer que respeita contratos, mas isso não tem acontecido. A intervenção do setor elétrico (no final do ano passado), por exemplo, vai custar muito no futuro", disse.
Em relação a um dos um dos principais programas do PT, o Bolsa Família, o tucano planeja mudanças. A ideia é construir ações relativas ao programa, com base na fiscalização. "A fiscalização não existe hoje. Cada beneficiário receberia, pelo menos uma vez por ano, a visita de uma assistente social para saber a evolução da família" , afirmou Aécio, para quem essa medida ajudaria a reinserção dos cidadãos que recebem o auxílio no mercado de trabalho.
Outra proposta é a viabilização da reforma tributária. Mas o tema é tratado de forma delicada pelo tucano, que acredita conseguir viabilizar as mudanças nos primeiros 12 meses de mandato, caso vença as eleições no ano que vem.
"É possível fazer uma reforma, mas não podemos prometer diminuir a carga tributária logo no primeiro ano de governo. Tem que haver um planejamento para isso", disse. Aécio explicou que hoje o governo oferece subsídios a alguns setores com base no aumento da dívida líquida. "E por isso, é preciso ter uma carga tributária alta para fazer frente a esse endividamento", avaliou.
Em relação às denúncias de um possível "caixa 2" na campanha da presidenta Dilma Rousseff em 2010, o senador afirmou que o partido se organiza para questionar as contas apresentadas. Cabos eleitorais da presidente teriam sido registrados como voluntários na prestação de contas, mas afirmam ter recebido dinheiro pelo trabalho. "Após a grave denúncia, nossos advogados estão buscando instrumentos para solicitar ao Ministério Público a eventual revisão das contas aprovadas", disse.
A expectativa do presidenciável do PSDB é que a ex-senadora Marina Silva consiga oficializar seu partido Rede a tempo de participar da eleição no ano que vem. "No entanto, temos que encerrar esse processo de criação de partidos e o PSDB vai propor novamente a cláusula de desempenho, na qual é possível criar um novo partido, mas para ter funcionamento parlamentar e os benefícios da lei, precisa significar algo, ter uma conexão mínima com a sociedade", disse.
Aécio prefere não avaliar o cenário eleitoral sem a presença da ex-senadora, mesmo estando atrás dela nas pesquisas. De acordo com o último levantamento do Ibope, o senador ocupa a terceira colocação, com 11% das intenções de voto. Marina Silva está em segundo lugar, com 16% e Dilma Rousseff, 38%.
Fonte: Brasil Econômico
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