Como tudo na vida uma coisa não tem explicação não é porque ela não exista. É porque ainda não a conhecemos. E isso pode levar a conclusões erradas. Será um paradoxo, enquanto as explicações forem insuficientes.
É o que acontece com os dados de novembro divulgados pelo IBGE. A taxa de desocupação caiu para 4,6% e a renda média subiu, em um ano, em reais, de 1.908 a 1.965, isto é, 3%. Poderia ser o paraíso se outros dados, extremamente negativos, não precisassem ser levados em conta.
Que dados são esses? Vamos lá! De novembro de 2012 a novembro de 2013 houve uma queda de 0,7% no número de vagas ( postos de trabalho disponíveis ), equivalente a 170 mil trabalhadores. Também o número de pessoas empregadas e interessadas em trabalhar caiu em novembro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, principalmente entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos. O total de pessoas que não trabalhavam nem queriam trabalhar, que em novembro de 2012 era de 15,88 milhões, passou a ser de 16,85 milhões em novembro de 2013. Um milhão de pessoas a mais!
De Janeiro a Novembro de 2012 a geração de empregos foi a menor em dez anos. Com a queda de empregos em Dezembro, que já é tradicional, o resultado deste ano, que até agora é a criação de 1.547.000, será ainda pior.
Outro dado importante é que no Brasil existem 20,6 milhões de pessoas que recebem um salário mínimo da Previdência, como aposentadoria ou assistência social e o Bolsa Família beneficia algo como 50 milhões. Isso pode explicar em parte a retirada de pessoas do mercado de trabalho, mas certamente, não é a única explicação.
Sem dúvida o quadro do emprego no Brasil impacta o potencial de crescimento econômico que, como sabemos, não ultrapassa índices de 2% ao ano do Produto Interno Bruto ( PIB ). Ao mesmo tempo o baixo crescimento impacta a geração de postos de trabalho. Em comparação com os números de novembro de 2012, o pessoal ocupado na indústria caiu 3,9%, na construção caiu 4,4% e nos serviços domésticos caiu 12,2%. No comércio e na prestação de serviços, deu-se algum aumento.
Em 2014, com o possível aumento da população economicamente ativa (PEA), deveremos ter taxas de desocupação maiores. E, mesmo com a previsão do aumento das taxas de juros, não se pode esperar a queda do índice de inflação.
Do ponto de vista das repercussões políticas nesse ano eleitoral, com o crescimento do PIB modesto, os investimentos congelados, a inflação contida às custas da Petrobrás e das tarifas do setor elétrico e dos serviços prestados pelos Estados e Municípios, as contas externas se deteriorando e o equilíbrio fiscal indo pra cucuia, o governo vai tentar se “segurar” empurrando o agravamento da crise através do aumento do crédito ao consumidor, com a única finalidade de reeleger a presidente. Um cenário sombrio. E, qualquer que seja o novo presidente, haverá de enfrentar uma herança pra ninguém botar defeito.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB
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