Sergio Lamucci
SÃO PAULO - O Fundo Monetário Internacional (FMI) promoveu uma nova rodada de redução das projeções de crescimento para o Brasil, estimando taxas de expansão inferiores às da economia global para o período entre 2013 e 2015. Em documento divulgado nesta terça-feira, o Fundo diminuiu de 2,5% para 2,3% o avanço previsto para este ano e de 3,2% para 2,8% o esperado para o ano que vem, abaixo dos 3,7% e 3,9% estimados para a economia mundial. A previsão para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano passado também foi ligeiramente reduzida, de 2,5% para 2,3%, inferior aos 3% projetados para a economia global.
O relatório não entra em grandes detalhes sobre a economia brasileira. Ao falar sobre as perspectivas para os mercados emergentes e países em desenvolvimento, o FMI diz que, em muitos deles, a demanda permaneceu “mais fraca do que o esperado”. De acordo com o Fundo, “isso reflete, em graus variados, condições financeiras e políticas mais apertadas desde 2013”, assim como incertezas no quadro político e indefinições sobre políticas dos governos e gargalos, “co m os últimos pesando sobre o investimento, em especial”. Como resultado, as estimativas de crescimento foram revisadas para baixo em relação às projeções do Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês) de outubro de 2013, incluindo Brasil e Rússia.
Em outro trecho em que fala sobre os emergentes, o FMI diz que “a produção está próxima do potencial de crescimento” (aquele que não acelera a inflação), “sugerindo que o crescimento declina em parte refletindo fatores estruturais ou um esfriamento cíclico”. O trecho não trata especificamente do Brasil, mas esse tem sido um diagnóstico do Fundo pa ra explicar as taxas mais fracas de expansão da economia brasileira e de outros emergentes. A recomendação para essas nações elevarem o ritmo de avanço do PIB, como de costume, é promover reformas estruturais.
Mesmo com as revisões para baixo, as estimativas do FMI para o PIB brasileiro neste ano e no próximo são mais otimistas do que as dos economistas ouvidos pelo Banco Central (BC). Para 2014, os analistas de mercado esperam crescimento de 2% e para 2015, de 2,5%. A projeção do FMI para 2013 é quase idêntica à que aparece no Focus. O Fundo espera um avanço de 2,3%, enquanto os economistas ouvidos pelo BC preveem 2,28%. O relatório do FMI também traz a projeção para o desempenho do PIB no quarto trimestre de 2013. Em relação ao mesmo período de 2012, o organismo espera crescimento de 1,9%, nesse caso um pouco abaixo dos 2,18% previstos pelos analistas ouvidos pelo BC.
Entre os grandes emergentes, o Brasil deixa de ser aquele com as piores perspectivas de crescimento nas estimativas do FMI, posto que passou a caber à Rússia. O Fundo acredita que a economia russa avance 2% neste ano e 2,5% no ano que vem, abaixo dos 2,3% e 2,8% projetados para o Brasil. A expansão brasileira, porém, será bem inferior à projetada para o conjunto dos emergentes, de 5,1% em 2014 e de 5,4% em 2015.
Pelas estimativas do Fundo para 2013, porém, o Brasil, com alta do PIB projetada de 2,3%, deve ter se saído melhor que o México (1,2%), a Rússia (1,5%) e a África do Sul (1,8%). Entre os principais emergentes, China, com alta de 7,7%, e Índia, com 4,4%, devem ter superado o Brasil.
Fonte: Valor Econômico
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