Movimentação financeira no Brasil pode ajudar na busca por paradeiro de ex-diretor do BB; na Suíça, autoridades localizaram conta secreta
Andreza Matais e Felipe Recondo
BRASÍLIA - A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo bancário e da movimentação do cartão de crédito de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado a prisão por participação no esquema do mensalão. O pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal após a fuga de Pizzolato para a Itália no último dia 15 de novembro, quando a Corte decretou sua prisão.
A quebra de sigilo abrange apenas movimentações financeiras em território nacional e é mais um passo na busca por informações sobre o paradeiro de Pizzolato. A PF ainda não foi comunicada se o pedido foi acolhido ou não pelo Supremo.
Em outra frente, os investigadores descobriram uma conta corrente operada pelo ex-executivo na Suíça, com saldo de cerca de 1,8 milhão, conforme o Estado revelou ontem. A conta teria sido movimentada por Pizzolato após ter sua prisão decretada, mas continua ativa. Para o governo brasileiro, o saldo da conta corrente mostra que a fuga de Pizzolato foi "muito bem planejada".
A quebra do sigilo pode ajudar a PF a mapear todos os passos do ex-diretor do Banco do Brasil. A PF já sabe que ele está na Itália, mas depende de colaboração da polícia do país europeu para prendê-lo. Pizzolato possui dupla cidadania, o que garante a ele o direito de permanecer no território italiano.
A investigação sobre Pizzolato é tocada em sigilo pela recém-criada coordenação de rastreamento e captura da Polícia Federal. Uma equipe de seis policiais trabalha no caso. A PF também conta com a ajuda da Interpol, organização internacional que reúne polícias de vários países. A instituição não comentou ontem o pedido de quebra de sigilo.
Pizzolato foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão, pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. As investigações concluíram que ele recebeu R$ 326 mil de propina para favorecer uma das empresas de Marcos Valério em contratos com o Banco do Brasil. Como ex-diretor do banco, Pizzolato teria participado do desvio de aproximadamente R$ 74 milhões do Fundo Visanet para alimentar o esquema do de corrupção.
Oposição. Integrantes da oposição cobraram ontem que as investigações sejam aprofundadas. O líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), disse que é preciso apurar se existem outras contas abertas no exterior. "Tem que ir mais a fundo, saber de contas no exterior dos outros condenados. Porque mensaleiro faz o que faz, tem dinheiro fora do País, foge e, aos olhos das autoridades brasileiras, não há uma investigação para valer", afirmou.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), o ex-diretor do Banco do Brasil é um exemplo do perfil do administrador público escolhido pelo PT. "Dá para medir a qualidade dos quadros do governo do PT pelo Pizzolato. É um exemplo dos tipos que o governo do PT arregimenta para a administração. Quantos Pizzolatos existem por aí?", questionou.
Mesmo a senadora petista Ana Rita (ES) defendeu uma apuração do caso. "Toda pessoa que usar má-fé e tiver comprovados desvios de recursos tem que ser punido. Se comprovar que ele planejava isso, independente de qual partido político, cabe à Polícia Federal e demais órgãos competentes decidir como agir."
Colaborou Débora Álvares
Fonte: O Estado de S. Paulo
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