Presidente do STF já falou em deixar a Corte, e tem prazo até abril para se filiar a partido se desejar concorrer
Cássio Bruno, Paulo Celso Pereira
Presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa André Coelho / Agência O Globo
RIO E BRASÍLIA - Para conquistar um palanque forte no Rio, o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), tenta convencer o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, a concorrer ao Senado. Questionado ontem sobre o assunto por meio de sua assessoria, Barbosa respondeu que nada comentaria. No último fim de semana, o presidente do Supremo soltou nota para dizer que não será candidato a presidente da República. Mas não incluiu outros cargos eletivos na negativa.
Barbosa já sinalizou que está próxima a hora de deixar o Supremo, após quase 11 anos na Corte, mas nega interesse em carreira política. O mandato na presidência do STF vai até novembro deste ano. A legislação eleitoral permite que membros dos tribunais de contas, da magistratura e do Ministério Público se filiem a partidos políticos até seis meses antes do pleito, o mesmo prazo para se afastar dos cargos. Barbosa, portanto, teria até o dia 5 de abril para decidir se disputa ou não as eleições.
A ex-corregedora da Justiça Eliana Calmon foi recrutada por Eduardo Campos para convidar Barbosa a se filiar ao PSB. Pré-candidata ao Senado pela Bahia, Eliana, no entanto, afirma serem remotas as chances de o presidente do STF aceitar o assédio do governador de Pernambuco. Segundo ela, até agora as negociações não avançaram.
— O Eduardo tem simpatia pelo Joaquim Barbosa e me perguntou, em janeiro deste ano, se eu poderia fazer o meio de campo. Conversei com o Sérgio, assessor direto dele. A resposta foi de que o Joaquim ficará na presidência do Supremo até o fim do mandato e, depois, vai ver o que fará. Dificilmente, o Joaquim vai aceitar — adiantou Eliana Calmon.
No Congresso, os aliados de Eduardo Campos reconhecem, nos bastidores, ser remota a possibilidade de Barbosa ser candidato ao Senado pelo PSB. Afirmam que se trata mais de um desejo de setores do partido em ter um fato novo do que uma articulação política que estaria, de fato, em curso.
— Isso é muito mais especulação, desejo, do que qualquer outra coisa. Até porque, se fosse para dar certo, a forma de se fazer não seria esta (pública) — explicou reservadamente um dos principais articuladores de Campos no Congresso.
Há, no entanto, alguns integrantes da legenda mais entusiasmados que consideram que a simples hipótese da filiação de Barbosa já é um lance importante para o partido.
— Espero que não seja apenas o ditado e que onde há fumaça haja, de fato, fogo. Isso mostra que temos um projeto para mudar o Brasil de verdade — festejou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
É grande a possibilidade de o Supremo concluir até abril o julgamento dos embargos do mensalão petista, sob o comando de Barbosa, o que o deixaria livre para antecipar sua saída da Corte.
Fonte: O Globo
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