BRASÍLIA - Líderes da oposição na Câmara e no Senado criticaram a atitude do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que visitou na prisão o ex-ministro e petista José Dirceu. O encontro, conforme revelou O GLOBO, ocorreu no dia em que o governador inaugurou uma nova unidade de acolhimento de adolescentes infratores próximo ao local onde Dirceu está cumprindo pena. Para a oposição, é um péssimo exemplo de desrespeito às regras e uma sinalização muito negativa para os dirigentes da Papuda, que são subordinados a ele.
O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), o governador Agnelo dá um mau exemplo que se soma a outras atitudes de dirigentes do PT de confronto a decisões e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O tucano citou o gesto de erguer o braço com os punhos cerrados, feito pelo vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), que sentou-se ao lado do presidente do STF, Joaquim Barbosa, na sessão inaugural dos trabalhos legislativos deste ano. O gesto foi feito pelos petistas condenados no mensalão, no momento da prisão.
- Primeiro temos a atitude inaceitável do André Vargas ao lado do ministro Joaquim. Agora, é o governador do DF que dá esse péssimo exemplo. Ele constrange a direção do presídio, uma conduta que privilegia um condenado pela Supremo Corte. Um preso só pode receber visitas dentro das regras, mostra tratamento privilegiado e não compatível com a conduta do Supremo que tem trabalhado pelo fim da impunidade e recebe aplausos da população - disse o líder tucano.
O presidente nacional do DEM e líder da legenda no Senado, senador José Agripino Maia (RN), condena a forma como petistas e, agora, o próprio governador do DF, encaram a prisão dos presos no esquema do mensalão.
- O PT está agindo como se os seus condenados no mensalão fossem hóspedes da prisão e não reclusos pelos crimes que cometeram. Ir à prisão, sem hora marcada, como se estivessem indo à casa de amigos. Passa, para o sistema prisional um atestado muito negativo, de desconsideração com as regras existentes, um atestado de impunidade - afirmou o líder do DEM no Senado.
Agripino Maia também critica a justificativa apresentada por Agnelo para a visita feita a José Dirceu no último dia 20:
- Ele é o governador do estado onde está preso o principal condenado do esquema do mensalão. Essa desculpa de que estava fazendo inspeção parece a de alguém que quer brincar com a boa fé das pessoas!
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), também faz duas críticas à atitude de Agnelo, enfatizando que ele passa a seus subordinados um sinal de que os presos do PT são privilegiados.
- Sem dúvida, o DNA do abuso no exercício do cargo, não vale o respeito à lei, à República, às instituições. Vale o que eles acham que devem fazer e não o que diz a lei. Um governador, que deveria preservar a liturgia do cargo, simbolizar que ali tem presos e que há lei de execuções penais a ser seguida, faz o contrário - criticou o líder do PPS.
Para Bueno, o gerenciamento do sistema penal é executivo pelo Executivo por ordem da Justiça:
- É preciso que o juiz de execuções penais tome medidas com o objetivo de coibir práticas irregulares no cumprimento da pena.
Procurado, o petista André Vargas disse que não comentaria o assunto.
Fonte: O Globo
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