Por: Brasil Econômico
Não há um só dia em que não surjam novas denúncias envolvendo a Petrobras, que nos últimos anos foi levada pelos governos do PT às páginas policiais dos jornais. As revelações estarrecedoras sobre a nebulosa compra de metade de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, por US$ 360 milhões, como aval da então chefe do Conselho de Administração da estatal, Dilma Rousseff, mostram a que ponto chegou o desmantelo da principal empresa brasileira a partir da gestão temerária do petista José Sérgio Gabrielli, ainda no governo Lula.
Um ano antes da compra, a companhia belga Astra Oil havia pagado US$ 42,5 milhões pela mesma refinaria, o que significa que houve uma inexplicável valorização de 1.500% em 12 meses. Para piorar, em razão de duas cláusulas no contrato, a estatal teria de garantir aos belgas uma rentabilidade de 6,9% ao ano independentemente do resultado obtido pela refinaria, além de comprar os outros 50% da empresa em caso de uma disputa judicial, o que acabou acontecendo.
Ao todo, o rombo nos cofres da Petrobras foi de US$ 1,2 bilhão. Oito anos depois da desastrosa operação aprovada pelo conselho que presidia, Dilma culpou Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da estatal, responsável pela elaboração de um resumo executivo "técnica e juridicamente falho" que avalizava a compra da refinaria. Pois o documento resumido que teria omitido as tais cláusulas foi feito a quatro mãos por Cerveró e Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento e Refino da empresa até o ano retrasado e preso recentemente pela Polícia Federal, suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro.
Na era petista, um escândalo leva a outro, e são tantos, e tão graves, que é difícil acompanhar tudo sem perder o fio da meada. A desculpa esfarrapada de Dilma, que recorre ao velho jargão "eu não sabia" utilizado tantas vezes por seu antecessor, não se sustenta. Se o resumo formulado por Cerveró causou prejuízo à Petrobras, porque o ex-diretor, ao invés de demitido, foi alocado na diretoria financeira da BR Distribuidora, subsidiária da estatal?
Ademais, como se tratava de um parecer não detalhado, a atual presidente deveria ter se debruçado sobre a versão completa do relatório, que provavelmente adormeceu sobre sua mesa, antes de aprovar a transação. Entre as consequências deletérias de tamanho descalabro administrativo, estão a derrocada financeira da Petrobras, coma perda de metade de seu valor de mercado desde 2010 (de R$ 380 bilhões para R$ 179 bilhões) e o aumento da dívida (de R$ 180 bilhões para R$ 300 bilhões), o que derrubou a empresada 12ª para a 120ª posição no cenário mundial.
O governo petista apela a ameaças e chantagens na tentativa de impedir a instalação de uma CPI para investigar as denúncias. Em meio ao mar de lama em que se transformou a maior empresa brasileira, a comissão parlamentar é uma reação necessária da cidadania, interpretada pelo Legislativo, em defesa do patrimônio nacional que vem sendo dilapidado. Ao contrário do que prega o PT, a Petrobras não ficará manchada por uma CPI.
O que destrói sua reputação são os escândalos que se acumula me parecem não ter fim, desde falta de transparência na divulgação de informações ao mercado e manipulação de dados até compras suspeitas de refinarias, pagamento de propinas e loteamento político. É preciso salvar a Petrobras.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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