Erich Decat - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff incorporou ontem a temática do "medo do passado", mote criado pelo PT na propaganda eleitoral na TV, para rejeitar a volta de "espectros fantasmagóricos", atacar uma oposição "neoliberal" e convocar jovens militantes de esquerda para a campanha da reeleição.
"Estamos aqui para dizer que eles não voltarão", discursou Dilma durante o congresso da União da Juventude Socialista (UJS), na cidade de Cruzeiro (DF). "Para trás nós não vamos nem para ganhar impulso".
A presidente, que incluiu o evento em sua agenda oficial na última hora, levou ao palanque um discurso que até agora estava presente apenas nas peças publicitárias criadas pelo marqueteiro João Santana.
Há duas semanas, o PT começou a veicular propaganda no rádio e na TV citando a ameaça de retorno de "fantasmas do passado", entre os quais o desemprego. A pedido do PSDB, a Justiça Eleitoral determinou, na semana passada, a suspensão de trechos do programa entendidos como referências ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
No discurso de ontem, Dilma afirmou que a oposição trará de volta um passado de "arrocho salarial, desemprego, recessão", uma referência direta à administração do PSDB, que já governou o País.
"Este olho no passado é para evitar que outros e certos espectros fantasmagóricos tentem voltar com as ameaças às conquistas dos brasileiros. E voltem com o que eles já chamam abertamente de medidas impopulares, que significam arrocho salarial, desemprego, recessão. Na redução dos direitos que o povo e a Nação conquistaram com muito esforço", disse a uma plateia de jovens que ocupou parte de um ginásio de esportes nos arredores de Brasília.
O tom beligerante adotado pela presidente permaneceu na sequência do discurso em que ela foi aplaudida algumas vezes. "Não fui eleita para colocar o País de novo de joelhos, para privatizar empresas públicas, para varrer a corrupção para debaixo do tapete", afirmou.
Na mesma linha, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, também não poupou críticas aos adversários de Dilma. "Hoje a tática deles é tentar atingir a presidente da República porque não apresentam projetos, não apresentam saídas. Esse é o objetivo deles. Do quanto pior, melhor. Não podemos acreditar em gente desse tipo", afirmou Rabelo.
Jovens. Parte do discurso também foi direcionado à plateia jovem. Dilma lembrou que os governos do PT foram responsáveis pela criação de programas voltados para a juventude. Listou como conquistas programas educacionais do governo, assim como cotas raciais e sociais para ingresso no ensino superior.
"Quanto mais nos aproximamos da campanha eleitoral, mais vai se tornar charmoso falar do papel da juventude, mesmo aqueles que nada, ou quase nada, fizeram. Mesmo aqueles que já nasceram velhos", afirmou. Em seguida, subiu o tom novamente. "É sempre bom perguntar para alguns deles onde eles se encontravam por todos esses anos quando nós do PT e o PC do B trabalhávamos para mudar o País.
Pergunto novamente onde estavam eles, quando democratizamos o acesso à educação abrindo portas que jamais tinham sido abertas?".
No início do evento, em mensagem exibida em um telão do ginásio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o recado aos jovens. "Tenho um enorme carinho por vocês. Vida longa à UJS", disse o petista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário