• Fotos de cadastro no prédio de um escritório em São Paulo do doleiro preso pela PF mostram visitas de oito deputados federais. PSol se reúne amanhã para analisar se leva envolvimento de Collor à Corregedoria
Naira Trindade – Correio Braziliense
A paralisação na investigação das oito ações penais da Operação Lava-Jato, determinada na semana passada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, não impediu que outros nomes de políticos envolvidos com o doleiro Alberto Youssef viessem à tona. Oito deputados federais são suspeitos de frequentar um escritório de Youssef em São Paulo, além do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que é acusado de receber R$ 50 mil do doleiro. A denúncia contra o ex-presidente levará o senador Randolfe Rodrigues (PSol) a se reunir com o partido amanhã para analisar se cobra explicações dele à Corregedoria do Senado.
Além dos já citados deputados federais André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA) — que mantinham relacionamento com o doleiro preso há dois meses —, reportagem da revista Veja aponta que seis congressistas entravam e saíam com frequência de um escritório dele que funcionava na Zona Oeste paulista. Imagens da identificação da entrada do prédio registraram a presença dos pepistas Mário Negromonte (BA), Aline Corrêa (SP), Arthur Lira (AL), João Pizzolati (SC), Pedro Corrêa (PE) e Nelson Meurer (PR), além de André Vargas e Luiz Argôlo.
A maioria das visitas ocorreram em 2011. Ao Correio, o deputado Nelson Meurer negou, primeiramente, que tenha visto o doleiro em São Paulo. "Eu fazia visitas ao meu médico cardiologista", comentou. Porém, ao ser questionado sobre a imagem da identificação trazida pela revista, Meurer disse que "pode ter ido ao escritório cinco ou seis vezes", mas que "não lembrava se realmente teria visitado Youssef", a quem alega ter conhecido em Brasília. O Correio procurou todos os deputados citados, mas eles não atenderam ou retornaram às ligações.
Infidelidade
Na sexta-feira, o PT entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a perda do mandato de André Vargas por infidelidade partidária. Vargas abandonou o partido após ter sido flagrado usando o jatinho de Alberto Youssef. Caso o pedido seja aceito, a vaga fica com o suplente. "O PT foi mais duro comigo que os demais partidos com seus filiados", criticou Vargas. Outro conhecido de Youssef, Luiz Argôlo está ameaçado de ser expulso do Solidariedade, caso não saia espontaneamente.
Ontem, os líderes do PSDB e do PPS, Antonio Imbassahy (BA) e Rubens Bueno (PR), respectivamente, defenderam as investigações da CPMI da Petrobras após denúncias publicadas pela revista Época de propinas de R$ 6,2 milhões recebidas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa da empresa dinamarquesa Maersk, que aluga navios para a petroleira. Imbassahy afirmou que serão incluídos três requerimentos nas ações que o partido apresentará na comissão: a quebra de sigilo da empresa Gandra Brokerage, a convocação de Wanderley Gandra e a requisição dos contratos de fretamento de navios entre a Petrobras e dinamarquesa Maersk.
Entenda a Operação Lava-Jato
O início
Deflagrada em 17 de março no Paraná, a Operação Lava-Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado cerca de R$ 10 bilhões no mercado clandestino de câmbio. Na ocasião, o juiz da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Sérgio Moro, mandou prender 13 pessoas, entre elas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A competência
Em meio às investigações, a Polícia Federal identificou em interceptações telefônicas envolvimentos de políticos com o doleiro Alberto Youssef . Os nomes dos deputados federais André Vargas (sem partido-PR), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP) apareceram no inquérito, mas a Constituição Federal estabelece que a competência para investigá-los é do Supremo Tribunal Federal.
A paralisação
Na semana passada, o ministro Teori Zavascki, do STF, determinou a suspensão das oito ações penais da Operação Lava-Jato e que elas fossem enviadas à Suprema Corte. Zavascki também mandou soltar os envolvidos na operação. Após a decisão, o juiz Sérgio Moro alertou sobre o risco de fuga de alguns acusados para o exterior. Diante do alerta, Zavascki reviu o caso e decidiu manter 12 envolvidos presos. Só o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa conquistou a liberdade.
O próximo passo
O caso está parado nas mãos do ministro Teori Zavascki, que deve remetê-lo para análise da Procuradoria-Geral da República antes de decidir o que será investigado pela Suprema Corte e o que será apurado na Primeira Instância. Os processos de envolvidos que não têm foro privilegiado podem voltar ao Paraná.
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