• Coordenação da candidata à reeleição orienta secretários a defender governo
Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA — No momento em que a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, disparou nas pesquisas de intenção de voto, a coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião, na noite de terça-feira, com os secretários-executivos e secretários nacionais dos ministérios para pedir empenho na disputa por um segundo mandato. Segundo participantes, o tom do encontro foi o de que quem está dentro da máquina administrativa tem mais condições de fazer o enfrentamento político, por ter mais argumentos. A orientação, de acordo com pessoas presentes, foi manter o debate propositivo, defender o governo, ocupar espaço e rebater críticas.
Estratégia é não bater
A reunião foi conduzida por Cezar Alvarez, que faz a articulação da campanha com estados e municípios, e por Alessandro Teixeira, coordenador de programa de governo. Entre os presentes, de acordo com participantes da reunião, estavam o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland; o subchefe de articulação da Casa Civil, Luís Antônio Padilha; e o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos Gabas. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da República) participou de parte do encontro.
Há uma preocupação na coordenação da campanha, na cúpula do PT e no Palácio do Planalto de evitar um clima de derrotismo com o crescimento vertiginoso de Marina Silva. A aposta é na desconstrução da imagem da ex-senadora a partir de agora.
— Nada de pânico com pesquisas neste momento. Temos que esperar a evolução do quadro. Ainda faltam 40 dias para a eleição — disse um auxiliar da presidente.
Apesar de apostar na desconstrução da imagem de Marina, a equipe de Dilma resiste em atacar a ex-senadora e, pelo menos por enquanto, pretende insistir em uma campanha propositiva, focando nas realizações do governo:
— Não é eficaz bater. Vamos fazer discussão de conteúdo, sem bater — disse uma pessoa próxima a Dilma.
Assessores de Dilma foram surpreendidos com o resultado da pesquisa Ibope divulgada anteontem. O entorno da presidente não esperava que Marina estivesse tão colada na petista no primeiro turno, e abrindo vantagem no segundo turno. Também chamou a atenção o fato de a candidata do PSB ter tirado votos de Dilma. A expectativa da campanha à reeleição era que a ex-senadora crescesse em cima do candidato do PSDB, Aécio Neves, e conquistasse parte do eleitorado que pretendia votar em branco, anular ou que estava indeciso.
Segundo o Ibope, Dilma caiu quatro pontos percentuais — mesmo patamar que o tucano. A expectativa da campanha petista era que Marina e Aécio ficassem embolados em segundo lugar, disputando quem iria para o segundo turno. Seria a “antropofagia de anões” prevista ainda na pré-campanha pelo marqueteiro João Santana, que trabalha para Dilma.
Como presidente do PMDB, o vice-presidente Michel Temer disse a interlocutores e à presidente que é preciso “dar corpo à campanha” nesta reta final, com o envolvimento direto dos partidos nas mobilizações de rua. Temer alertou que é preciso dar mais intensidade à campanha em termos de eventos públicos.
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