• Cúpula do partido pensa em alianças para compensar bancada reduzida
Sérgio Roxo – O Globo
SÃO PAULO - O resultado favorável na pesquisa Ibope e a avaliação positiva do desempenho no debate da TV Bandeirantes despertaram dentro do PSB otimismo em relação ao futuro de Marina Silva, candidata do partido à Presidência, nas eleições de outubro. A crença na vitória é tão forte que a preocupação na cúpula da legenda passou a ser a busca de um caminho que garanta a governabilidade, uma vez que a bancada socialista na Câmara não deverá passar de 45 deputados na próxima legislatura.
- A situação é muito boa. Basta agora não cometer nenhum erro - afirmou um cacique do PSB.
Fala-se muito no partido das experiências desastrosas dos presidentes Jânio Quadros (1961) e Fernando Collor (1990-1992), que tinham base frágil no Congresso e deixaram o cargo antes da conclusão do mandato: o primeiro renunciou e o segundo sofreu impeachment. Também é dado como certo que o modelo de coalização adotado por Dilma Rousseff (PT) está esgotado e não pode ser perseguido.
O PSB elegeu 35 deputados em 2010, mas, hoje, tem só 24 representantes na Câmara. A direção do partido acredita que a presença de Marina poderá fazer a bancada na Câmara crescer para um número entre 40 e 45 parlamentares. No melhor dos cenários, os deputados do partido de Marina não representariam nem 10% das 513 cadeiras da Câmara. O PPS, segunda maior sigla da aliança, elegeu 12 deputados há quatro anos e hoje tem apenas seis representantes.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, deve começar a procurar, nos próximos dias, parlamentares de vários partidos e tentar atraí-los para o projeto de Marina. Apenas o grupo de políticos que vinham sendo chamados por Eduardo Campos de "raposas", como Renan Calheiros e Fernando Collor, não serão assediados.
Um dos caminhos estudados é buscar o apoio da sociedade civil sempre que um projeto importante tiver que passar pelo Congresso, apoiando-se na legitimidade alcançada com uma vitória nas urnas.
Amaral disse que pretende criar um grupo suprapartidário, independente da campanha, para discutir uma reforma do Estado que viabilize as ações de um futuro governo.
- O modelo em vigor precisa ser repensado porque não funciona - afirmou Amaral, citando a necessidade um novo pacto federativo.
Um dos pontos que também já está sendo discutido dentro do PSB é como receber um eventual o apoio do PSDB num segundo turno contra Dilma. Para algumas lideranças, não há necessidade de uma formalização da aliança, porque os eleitores do candidato tucano Aécio Neves já migrariam de forma espontânea para a presidenciável do PSB, impulsionados pelo desejo de acabar com o domínio de 12 anos do PT no governo federal.
Porém, caciques do PSB próximos aos tucanos acreditam que o melhor caminho seja uma aliança no segundo turno, que poderia se estender para uma parceria no governo, o que facilitaria o caminho para obter a governabilidade.
No círculo mais próximo de Marina, a ordem é manter os pés no chão, mesmo com as boas notícias dos últimos dias. Por ordem da candidata, está proibido tratar publicamente da conjuntura política em um eventual governo. A presidenciável tem afirmado que, caso eleita, vai governar com os "melhores do PT e do PSDB".
- Temos que ter humildade. Nada está definido. Hoje, os melhores estão com seus candidatos e seria desrespeitoso com os adversários procurá-los - afirmou Walter Feldman, coordenador da campanha de Marina.
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