• Pela primeira vez tucano ultrapassa a petista numericamente nas duas pesquisas
Pesquisas mostram Aécio na frente de Dilma
Renato Onofre, Sérgio Roxo, Silvia Amorim e Tatiana Farah - O Globo
SÃO PAULO - Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) estão empatados, com vantagem numérica do tucano dentro da margem de erro, na primeira rodada de pesquisas do Datafolha e do Ibope sobre o segundo turno da eleição presidencial. Se considerado o total de votos, tanto no Ibope como no Datafolha, Aécio tem 46% e Dilma, 44%. Já em votos válidos, Aécio tem 51% e Dilma, 49%.
O resultado indica uma continuidade da tendência de crescimento da arrancada de Aécio, que, por mais de um mês, ficou em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto do primeiro turno, atrás de Dilma e de Marina Silva (PSDB). O tucano só ultrapassou numericamente Marina e conquistou o segundo lugar nos levantamentos divulgados no último sábado, véspera do primeiro turno. A apuração do primeiro turno da eleição mostrou a petista em primeiro, com 42% dos votos válidos. Aécio ficou em segundo, com 34%, e Marina foi a terceira, com 21%.
Na contabilização dos votos válidos, que é a mesma utilizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na divulgação do resultado da eleição, são excluídos os eleitores que votam em branco ou nulo e os que estão indecisos.
Diferença entre votos em branco e nulos
Há diferença nos institutos apenas em relações aos eleitores sem candidato. Pelo Ibope, o percentual dos que votam em branco ou nulo é de 6%; e o índice dos que não sabem, de 4%. No Datafolha, o total de votos em branco e nulos é de 4%; e de indecisos, 6%.
A pesquisa do Ibope, contratada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo", foi realizada entre terça-feira e quarta-feira. Foram entrevistadas 3.010 pessoas. O nível de confiança estimado é de 95%; e a margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-01071/2014. A pesquisa Datafolha, contratada pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo", também tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento, realizado entre quarta-feira e ontem, foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral BR-01068/2014. Foram entrevistadas 2.884 pessoas.
O Ibope mostra que o melhor resultado de Aécio é alcançado na Região Sul, onde lidera com 61% dos votos totais contra 33% de Dilma. A petista, por sua vez, tem vantagem de 59% a 32% no Nordeste. Já o Sudeste dá vitória ao tucano por 48% a 38%. O agrupamento das regiões Norte e Centro-Oeste tem a disputa mais acirrada, com liderança do candidato do PSDB por 46% a 43%.
Na divisão por faixa de renda, Aécio chega a 63% das intenções de votos entre os ganham mais de cinco salários mínimos. No grupo entre os que possuem rendimento entre dois e cinco salários mínimos, 51% dizem votar no tucano, percentual que cai para 36% entre os que recebem entre um e dois salários mínimos. O pior desempenho de Aécio está entre os eleitores mais pobres, com renda de até um salário mínimo, com 33%. Já com Dilma acontece o contrário. Seu melhor resultado é entre os mais pobres, com 58%, e o pior entre os mais ricos, com 29%. No grupo entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos, a atual presidente soma 52% das preferências. No grupo entre um e dois salários mínimos, ela é escolhida por 39%.
Entre os eleitores católicos, o resultado é o mesmo do total geral da pesquisa: vantagem numérica de 46% a 44% para Aécio sobre Dilma. Já entre os evangélicos, eleitorado identificado com a candidata derrotada Marina Silva, o tucano possui 49% contra 39% da petista.
O Ibope mostra ainda que apenas 11% dos eleitores admitem mudar o voto até o dia da eleição. Na pesquisa espontânea, o resultado é parecido com o levantamento estimulado: liderança por 44% a 42% para Aécio. A pesquisa mostra que a rejeição da petista é de 41%. Já o voto em Aécio é descartado por 33%. Outros 18% afirmam que podem votar nos dois candidatos.
Dilma também é apontada como favorita para vencer a eleição por 49%. Outros 40% dizem acreditar que o tucano será o eleito. O detalhamento da pesquisa do Datafolha não foi divulgado.
Os petistas não disfarçaram o alívio com o resultado das pesquisas. Em plenária com militantes em São Paulo, ao lado do ex-presidente Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, falou que os institutos têm errado e disse para os militantes dos partidos não se abalarem com o resultado das pesquisas divulgadas hoje, que colocam Aécio à frente de Dilma:
- Não nos abalemos. A onda que se fez nesta semana era para colocar (Aécio) dez pontos à frente - disse Falcão, afirmando ainda que a campanha será decidida "no estado e na capital de São Paulo". - Nós não estamos bem na cidade de São Paulo. Não se trata de culpar ninguém.
Já Aécio comentou, em nota, o resultado dos levantamentos: "As pesquisas mostram que a eleição presidencial já virou, que a vontade de mudança é majoritária e vai crescer até o dia da votação. Esse resultado me anima ainda mais a continuar fazendo uma campanha limpa, séria, mostrando as melhores propostas para recolocar o Brasil no caminho do crescimento e do desenvolvimento".
Voto volátil entre 40% do eleitorado
Segundo analistas políticos, o resultado da pesquisa ainda está sob a influência da reta final do primeiro turno, e a presença de Aécio à frente de Dilma reflete um resquício da curva de crescimento dele na semana passada. Ainda de acordo com os especialistas, há uma reacomodação do eleitor que tende, no primeiro momento, a se posicionar contra o governo. Contudo, dizem que não há como fazer qualquer prognóstico seguro do processo.
- A pesquisa reflete o impacto da eleição de domingo. Aécio teve um crescimento vertiginoso na última semana e isso fica na memória do eleitor. Mas o processo eleitoral começou com a presidente Dilma como favorita, viu a ascensão e queda meteória de Marina Silva e, agora, vê Aécio à frente. Seria temerário qualquer prognóstico - afirma o cientista político e professor do Insper Carlos Melo.
Para Marco Antônio Carvalho Teixeira, coordenador da FGV, há uma reacomodação do eleitorado que não é definitiva. Os candidatos vão, segundo ele, disputar o voto daqueles que consideram o governo regular:
- O que a gente vê agora é a reacomodação do eleitor. Para além dos números, podemos ver um grupo pequeno de indecisos que pode influenciar numa eleição tão disputada. Mas onde está o voto mais volátil é entre aqueles que avaliam o governo como regular, que são 40%.
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