- Folha de S. Paulo
Uma lógica franciscana às avessas tomou conta da campanha eleitoral. É batendo que se apanha. Pena que não prevaleça na disputa aquele ensinamento cristão "não faça ao teu próximo aquilo que não deseja que façam contigo".
Acrescentaria que não deveríamos repetir com os outros as injustiças das quais fomos vítimas no passado. E deveríamos olhar no espelho antes de apontarmos o dedo na direção do nosso semelhante.
Óbvio que esperar tais comportamentos no mundo da política é uma ilusão, uma ingenuidade, mas tudo tem limites. Nesta eleição, eles foram superados -nos programas de TV, nos debates e nos discursos inflamados da campanha de rua.
Da desonestidade intelectual vista no primeiro turno passamos à desonestidade moral. Se antes vimos um festival patético de distorções de propostas econômicas para minar uma adversária, agora assistimos a ataques pessoais desferidos por donos de telhados de vidro.
Tal tática tem guarida em parcela do eleitorado, sintonizado na mesma baixa frequência de quem a pratica. Por isso é usada. Dá nojo, por sinal, assistir ao vivo os debates eleitorais. Plateias celebram quando o adversário fica zonzo ao sofrer um golpe desferido abaixo da cintura.
Esse tipo de estratégia revela, sempre, certo desespero. É acionada como último recurso quando há risco de derrota. Seu mentor pode até vencer, mas vai ganhar com um gol de mão. Para ele, porém, pouco importa, o fim justifica os meios.
Agora, depois que a Justiça Eleitoral passou a vetar as baixarias, o vale-tudo pode perder espaço na reta final. Não porque os estrategistas ficaram com a consciência pesada, mas porque o eleitorado já não suporta mais a onda de golpes baixos.
Quem sabe teremos uma última semana de campanha mais civilizada, a tempo de o eleitor refletir e votar naquele que considera o melhor para seu futuro. A conferir, porque ontem teve o penúltimo debate.
Nenhum comentário:
Postar um comentário