• Para ex-diretor, órgão chefiado por Dilma foi negligente na compra de refinaria
Germano Oliveira, Silvia Amorim e Guilherme Voitch - O Globo
SÃO PAULO E CURITIBA - Preso desde quarta-feira na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró apresentou nesta sexta-feira à Justiça um parecer, formulado pelo advogado André Saddy, para se isentar de responsabilidade na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, na qual a Petrobras sofreu um prejuízo de US$ 792 milhões. Ele voltou a culpar o Conselho de Administração da estatal, então presidido por Dilma Rousseff, pelos erros na compra. Ele diz no documento que o Conselho cometeu “grave falha” na aquisição da refinaria, adquirida da Astra Oil em fevereiro de 2006.
“Pode-se observar uma grave falha porque os membros do Conselho de Administração não tomaram a decisão da forma estabelecida no estatuto social da Petrobras. Sua deliberação deveria estar instruída com a decisão da Diretoria Executiva, as manifestações da área técnica ou do comitê competente e do parecer jurídica, e não estava”, diz o documento de Cerveró.
No ano passado, ao comentar o assunto, Dilma afirmou que o conselho autorizou a aquisição da refinaria americana com base num parecer falho elaborado por Cerveró. Para Cerveró, foi “negligente”.
“O Conselho de Administração não observou as normas internas, imperativas da Petrobras, que regiam tais tipos de aquisições, o que demonstra uma violação do dever de diligência, pois seus membros não procederam com o devido zelo, assim agindo de forma negligente”, diz Cerveró. Segundo a defesa do ex-diretor, o Conselho agiu também “precipitadamente” no negócio.
Segundo o delegado Igor Romário de Paula, da Polícia Federal, que comanda a investigação da Operação Lava-Jato, Cerveró será ouvido novamente na próxima segunda-feira. Segundo ele, nos próximos dias pode ocorrer ainda um terceiro depoimento, este exclusivamente sobre Pasadena.
— O depoimento de quinta-feira foi colhido em um primeiro momento. Quando o preso chega aqui, é dada a oportunidade a ele de apresentar sua versão. Agora, ele será confrontado com documentos apreendidos com ele, com os depoimentos dos demais detidos e com outras provas — disse o delegado.
Segundo ele, no próximo depoimento, Cerveró será inquirido de forma mais incisiva.
— Pretendemos fazer um depoimento dele especificamente sobre Pasadena — disse o delegado, lembrando que em sua delação premiada, o ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou que Cerveró recebeu propina durante a compra da refinaria americana de Pasadena.
Ontem, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou habeas-corpus em favor de Cerveró.
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