- Folha de S. Paulo
No dia da posse, compromisso com ajustes na economia, bem ao gosto de sua nova equipe. Dois dias depois, um passo atrás e uma sinalização de que a velha Dilma vai estar presente no novo mandato. Para o bem e para o mal.
Dilma ficou irritada ao ler que seu novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, havia dito que o governo iria enviar ao Congresso nova regra de valorização do salário mínimo para valer de 2016 a 2019.
Tanto, que determinou que ele soltasse nota no sábado dizendo que será mantida a regra atual, que corrige o mínimo pela inflação, mais um ganho real equivalente ao crescimento do PIB de dois anos antes.
Fez seu ministro recuar por temer comprar mais briga com as centrais sindicais. Elas, que já não gostaram da decisão de endurecer a concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários, poderiam ler na fala de Barbosa uma intenção de reduzir futuros aumentos do mínimo.
Enfim, para quem anda fazendo muita coisa ao contrário do que prometeu na campanha, seria um pouco demais. Daí sua decisão de interromper o debate interno e mandar dizer que tudo fica como está.
Atropelou sua equipe econômica, que discutia novas fórmulas para, mantendo aumentos reais ao salário mínimo, diminuir seu peso nas contas públicas no médio e longo prazos e na vida das empresas, dando mais competitividade ao país.
No curto prazo, a decisão da petista, é bom dizer, nem é muito boa para os trabalhadores. A economia cresceu quase zero em 2014 e vai seguir ritmo bem fraco neste ano. Ou seja, os ganhos reais do mínimo em 2016 e 2017 serão muito baixos.
Numa visão imediatista, manter tudo como está é até, então, bom para os cofres públicos. Só que o país perde a chance de debater uma regra para correção do mínimo que seja mais viável para seu futuro. Mas a dona da bola resolveu que não se fala mais nisto --faz parte do jogo presidencial, mas tem lá seu custo.
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