- O Estado de S. Paulo
O desemprego aumentou e deve aumentar ainda mais. Foi o que mostrou a nova Pesquisa por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE.
O nível de desocupação no período de três meses (trimestre móvel) terminado em fevereiro atingiu 7,4%. É um número mais alto do que os 6,8% apresentados no mesmo período do ano passado e do que os 6,5% do trimestre terminado em novembro.
Quem não está habituado com as danças estatísticas desta área no Brasil deve estar um tanto confuso. No mês passado, o mesmo IBGE avisou que o nível do desemprego foi de 5,9%. Mas outras pesquisas também sugerem situação pior do que essa.
Essa diferença se deve não só a universos diferentes de medida, mas também a metodologias diferentes. O levantamento mais conhecido é a Pesquisa Mensal de Emprego feita pelo IBGE. Avalia a ocupação de um mês para outro com metodologia equivalente à praticada no resto do mundo, mas com uma limitação: restringe a pesquisa a apenas seis regiões metropolitanas do Brasil. Já a Pnad Contínua é feita em âmbito nacional e mede o desemprego por trimestres móveis, mas não submete os resultados a ajustes sazonais.
Há, também, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontado mensalmente pelo Ministério do Trabalho, que avalia apenas o vaivém dos contratos de trabalho com carteira assinada. Ficam de fora a ocupação informal (mercado paralelo) e o trabalho autônomo. E tem ainda o Dieese, organismo financiado por sindicatos, cuja pesquisa incorpora o chamado trabalho precário. Sua limitação é a de que se restringe à Grande São Paulo.
Independentemente dessas diferenças, são duas as novidades apontadas pela pesquisa da Pnad Contínua. A primeira é a intensificação das dispensas de pessoal a partir de janeiro, não só porque foi tempo de férias e o comércio fica mais fraco depois das vendas de Natal, mas, também, porque a crise e o ajuste fiscal empurraram as empresas ao corte de custos.
A outra novidade é a de que há muito mais gente procurando trabalho, além dos que perderam o emprego ou dos que estão chegando agora ao mercado. É uma situação que reflete dois movimentos.
O primeiro é a redução de vagas de trabalho já mencionada. Quem acompanha o noticiário vem notando o aumento da frequência das dispensas de pessoal pelas empresas. E o Caged mostra há alguns meses que se fecham mais postos de trabalho do que se abrem no País. O outro movimento é a queda do poder aquisitivo da população em consequência da inflação aliada ao aumento da insegurança com o emprego. É fator que empurra mais gente da família à procura de reforço do orçamento doméstico.
Aparentemente contraditória é a informação de que a massa de rendimento real do trabalhador vem aumentando, num quadro de aumento do desemprego. Uma explicação para isso pode ser a concentração dos reajustes salariais neste período.
Enfim, a situação do emprego deve piorar antes de começar a melhorar.
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