• Casa Civil é avisada de que, se quiser manter apoio ao pacote fiscal no Congresso, deve fazer indicações até terça-feira
• Planalto resolveu suspender nomeações ligadas ao PDT, cuja bancada votou em bloco contra o ajuste
Marina Dias, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto suspendeu as nomeações ligadas ao PDT em cargos no segundo e terceiro escalão do governo e pediu à Casa Civil para que acelere as indicações para os demais partidos aliados até, no máximo, terça-feira, dia 12.
A retaliação ao PDT deve-se ao comportamento de seus deputados federais na votação da primeira medida provisória do ajuste fiscal, na quarta-feira (6).
Embora tenha um ministro no governo, Manoel Dias, titular da pasta do Trabalho, nenhum dos 19 deputados pedetistas votaram a favor do governo federal.
A expectativa de aliados e de dentro do Palácio do Planalto é que a presidente Dilma Rousseff --uma ex-pedetista-- opte pela demissão de Manoel Dias.
A ideia seria usar o caso como "exemplo", mas a ordem, por enquanto, é não tirá-lo do cargo para evitar desgaste.
Caso a bancada do PDT mantenha a postura contrária aos ajustes propostos pelo Planalto, Dilma deve reavaliar a situação.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) avisou ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que não poderá conter novas defecções na base em futuras votações do ajuste fiscal se os cargos federais prometidos aos partidos aliados não forem liberados até a próxima semana.
Duzentos cargos estão entre os pedidos que foram encaminhados à Casa Civil: 50 federais e outros 150 nos Estados.
O Palácio do Planalto age para que a medida provisória 664, que restringe benefícios previdenciários, seja votada na Câmara já na próxima semana; e que a medida provisória 665, recém-aprovada pelos deputados, passe também pelo Senado na semana que vem.
Em reunião na tarde desta quinta-feira (7), Temer, Mercadante e os ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações) mapearam os cargos em distribuição.
O vice-presidente avisou que seu partido, o PMDB, e o PP já disseram que não votarão com o governo caso não recebam os cargos até a próxima terça.
O cenário preocupa diante da vitória apertada do Planalto na aprovação da primeira medida do ajuste: foram 252 votos a favor e 227 contra.
Aviso
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse a Temer que as traições da bancada de seu partido poderão aumentar. Na votação da primeira parte do pacote de ajuste, 18 dos 39 parlamentares do PP votaram contra.
O Palácio do Planalto trabalha para que esse número diminua. Quer que pelo menos 80% do PP vote agora a favor do governo.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), mandou o mesmo recado a Temer: o PMDB dará as costas ao governo caso os cargos não saiam em quatro dias.
Dos 64 deputados peemedebistas, 13 foram contra a medida provisória.
Mercadante atribui o atraso nas nomeações à burocracia dos ministérios para alocar os novos servidores.
"O governo precisa cumprir o acordo", disse Temer a Mercadante, que prometeu apressar o processo.
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