• Para tentar fazer o peemedebista frear o impeachment, Planalto teria acenado com a possibilidade de uma trégua
• Se acerto não vingar, governo quer carimbar no deputado a pecha de que age contra a petista por vingança pessoal
Gustavo Uribe, Márcio Falcão e Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Preocupado com a possibilidade de sucesso do encaminhamento do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o governo ainda tenta um acordo de última hora com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tentar postergar o avanço da proposta.
Desde a semana passada, ministros próximos à presidente, como Jaques Wagner (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), procuraram o peemedebista na tentativa de fechar um acordo que adiasse a decisão do deputado sobre o pedido de impeachment elaborado pelos advogados Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
A ideia inicial de Cunha era divulgar nesta terça (13) se arquiva ou dá aval ao pedido.
Segundo a Folha apurou, o governo sinalizou com a possibilidade de dar uma espécie de trégua a Cunha no episódio das contas reveladas pelo governo da Suíça em seu nome, cuja existência ele nega.
A bancada federal do PT evitaria fazer críticas públicas, não defenderia seu afastamento e manteria distância de movimento pela cassação do peemedebista por quebra de decoro parlamentar.
A base aliada, segundo a proposta, também não apoiaria um eventual processo no Conselho de Ética, cujo pedido deve ser protocolado nesta terça pelo PSOL.
Hoje, o Palácio do Planalto tem influência sobre pelo menos 7 dos 21 deputados que integram o colegiado. Com o grupo, somado aos aliados do peemedebista, ele disporia de maioria para se tentar manter seu mandato.
O acordo, no entanto, sofre resistência de Cunha. A divulgação de detalhes das movimentações de dinheiro supostamente oriundo do petrolão pelas contas atribuídas a Cunha fizeram o clima azedar. O peemedebista acusa o Planalto de incentivar as investigações contra ele.
Oficialmente, tanto Cunha quanto o governo negam qualquer negociação em curso.
Enfrentamento
A ideia de um acordo com Cunha divide o governo. Há uma ala que defende desde já que o Planalto adote estratégia oposta, assumindo o enfrentamento para tentar carimbar no deputado a pecha de que age por vingança contra Dilma. A ideia seria liberar o PT para trabalhar pela cassação do peemedebista, expondo as denúncias que pesam contra ele.
A presidente se reuniu no Palácio do Alvorada ao longo do dia com os ministros Ricardo Berzoini (Governo), José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Casa Civil) e o assessor Gilles Azevedo para discutir a crise.
À noite, Berzoini esteve com a bancada do PT no Câmara. No encontro, ele pediu aos deputados que busquem partidos da base aliada para conseguir reunir o apoio de pelo menos 257 parlamentares contra o impeachment.
O ministro pretende promover encontros nesta segunda-feira com o mesmo objetivo com deputados de PDT, PR, PP e PSD.
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