• Chileno de nascimento, Maia precisou recorrer à embaixada do Brasil em Santiago para provar que é brasileiro
Fernanda Krakovics e Maria Lima - O Globo
BRASÍLIA - Melhor articulador nos bastidores do que na linha de frente, de 46 anos mas longa trajetória política, Rodrigo Maia (DEM-RJ) surpreendeu até companheiros de partido ao costurar, nos últimos dias, apoios da esquerda à base governista e, assim, viabilizar sua candidatura a presidente da Câmara. Com cinco mandatos de deputado federal, liderou a oposição durante o escândalo do mensalão, em 2006. Em 2007, foi alçado à presidência do então PFL, com a missão de rejuvenescer o partido, que se tornou DEM. O objetivo era dar uma imagem mais moderna à sigla, com uma ação mais de centro.
O diálogo com diferentes partidos, inclusive o PT, para tentar viabilizar sua candidatura à presidência da Câmara é uma mudança de postura do parlamentar, considerado tímido pelos mais próximos e arrogante pelos que não partilham de seu círculo mais íntimo. Maia fez oposição ferrenha aos governos Lula e Dilma.
— Ele está conversando bem, amadureceu, cresceu nos últimos anos — disse um deputado.
Chileno de nascimento — nasceu quando o pai, o ex-prefeito Cesar Maia, estava exilado no Chile —, Rodrigo Maia começou muito cedo na política. Aos 26 anos, foi secretário de Governo do prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde. Teve uma gestão bem avaliada com a criação da Secretaria Especial do Trabalho e o Projeto Cidadania, voltada à população de baixa renda. Dois anos depois, foi eleito para o primeiro mandato de deputado federal, sendo reeleito até hoje.
Ontem, o DEM precisou entrar em contato com a embaixada do Brasil em Santiago para obter uma cópia da certidão de nascimento de Rodrigo Maia e enviá-la à Mesa Diretora da Câmara. A Constituição determina que somente um brasileiro nato pode presidir a Casa.
Ontem à noite, acompanhando a votação, Jorge Bornhausen relembrou o comício em Santa Catarina onde o ex-presidente Lula discursou dizendo que era preciso “extirpar da política brasileira” o DEM.
— O Rodrigo Maia fez uma bela campanha. O Lula prometeu acabar com o Democratas, mas parece que ele vai acabar primeiro — alfinetou Bornhausen.
Maia é casado com Patrícia Vasconcelos, enteada de Moreira Franco, assessor especial de privatizações do governo Temer. O novo presidente da Câmara foi cotado para ser líder do atual governo na Câmara, mas acabou preterido por André Moura (PSC-SE), que teve o apoio do então presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos partidos do centrão. Nos últimos dias, Maia aproximou-se do então presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA). Para ganhar votos da esquerda, chegou a articular o engavetamento da CPI da UNE.
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