- O Estado de S. Paulo
As más notícias não param para o governo; para 90%, o Brasil está no caminho errado
Não adiantou liberar dinheiro do FGTS. Tampouco transpor o São Francisco. A popularidade de Michel Temer não aumentou em março. Pesquisa nacional Ipsos – divulgada aqui em primeira mão – mostra oscilação de 59% para 62% na taxa dos que acham o governo Temer ruim ou péssimo. Após passar por um vale em janeiro e fevereiro, o presidente voltou ao pico impopular que alcançara em dezembro. Mudar a pergunta não ajuda. Indagados se aprovam ou desaprovam a atuação de Temer, 78% ainda dizem desaprová-la.
A desaprovação é mais alta do que a taxa de ruim e péssimo porque não existe a opção de o entrevistado ficar “no muro” e responder “regular”, como na questão sobre avaliação do governo.
As más notícias não param. Para 90%, o Brasil está no caminho errado. São 3 pontos a mais do que a taxa encontrada no mês passado. Mas não só: é a maior desde que Temer chegou ao poder. Beira os recordes 94% de um ano atrás, durante o governo Dilma.
Quase todas as comparações são desfavoráveis ao presidente. Temer é o terceiro político mais impopular do Brasil. Só não é líder da categoria graças aos correligionários Renan Calheiros (83% de desaprovação) e Eduardo Cunha (87%). O trio do PMDB protagonista no impeachment é ainda mais desaprovado do que a alvo do processo. Dilma Rousseff segue sendo rejeitada por 74%.
Espera-se nos próximos dias a divulgação da pesquisa trimestral do Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a avaliação do governo e as condições do país. Se o resultado for na mesma direção, será uma infeliz coincidência. A confirmação da impopularidade do atual governo vem junto com o início do julgamento da chapa Dilma/Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral que pode terminar com a cassação do mandato presidencial.
Embora os ministros devam se basear em argumentos técnicos e elementos de prova, um clima de opinião pública negativo para Temer não aumenta sua chance absolvição. Só não faz crescer a possibilidade oposta porque as alternativas que se apresentam talvez não entusiasmem o tribunal presidido por Gilmar Mendes.
Entre 20 políticos testados na pesquisa Ipsos, Lula tem a maior taxa de aprovação: 38%. Com 59% de desaprovação, ele está longe da unanimidade que sonhou ser, mas ganhou sete pontos positivos desde fevereiro. Nenhum outro filiado a partido é mais aprovado do que o petista. Aprovação maior, só de nomes do Judiciário.
O juiz Sergio Moro (que transformou Lula em réu) é dono da maior taxa: 63% o aprovam. A seguir vem Joaquim Barbosa (51%), o ex-ministro do Supremo famoso pelo julgamento do mensalão do PT. Atual presidente do mesmo tribunal e terceira na linha sucessória, Cármen Lúcia tem apenas 26% de aprovação – em parte porque 36% dizem não conhecê-la o suficiente para avaliar, mas também porque 38% desaprovam a maneira como ela vem atuando.
Novo prefeito de São Paulo, João Doria é o tucano mais bem colocado no ranking do Ipsos: 45% desaprovam sua atuação, 16% aprovam e 39% dos brasileiros não o conhecem o suficiente. Desconhecimento é sua vantagem comparativa dentro do partido.
Outros nomes do PSDB são mais conhecidos e mais desaprovados que ele. O senador Aécio Neves tem 74% de desaprovação e 11% de aprovação; o governador Geraldo Alckmin (SP), 67% e 16%; FHC, 67% e 23%; o senador José Serra, 70% e 20%, respectivamente.
Nem todos os filiados a partidos que em algum momento se beneficiaram da onda da antipolítica hoje surfam tão bem. Marina Silva (Rede) tem 62% de desaprovação e 23% de aprovação. Já o ex-militar Jair Bolsonaro (PSC) é desaprovado por 52% e aprovado por 14%. Mas ainda tem 34% de desconhecimento para explorar.
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